Jairo Bouer Publicado em 21/07/2020, às 18h33 - Atualizado às 18h36
Muita gente não consegue sair das redes sociais, mas será que uma plataforma é mais “viciante” do que outra? Pesquisadores norte-americanos decidiram comparar especificamente duas delas – o Facebook e o Snapchat, e descobriram algumas características em comum nos usuários que passam tempo demais nelas.
Os pesquisadores, das universidades estaduais de Michigan e da Califórnia, mediram o tempo gasto por 472 jovens universitários em cada uma das redes, além de pedir que respondessem a diversas perguntas sobre personalidade, interações sociais, e eventuais tentativas de diminuir o tempo gasto nas plataformas.
Os resultados, publicados na revista Addictive Behaviors Reports, indicam que os usuários passam mais tempo no Snapchat do que no Facebook. E, apesar de o uso problemático ser mais comum na primeira, é da segunda que os jovens tentam se afastar com maior frequência.
A equipe encontrou uma associação entre o uso problemático de ambas as plataformas e o que eles chamam de “potencial social negativo”, isto é, o desejo que as pessoas têm de serem cruéis ou de usar os outros para obter algum tipo de ganho pessoal.
Segundo os autores do estudo, quanto mais dependente das redes sociais a pessoa é, mais ela buscaria essas interações sociais negativas.
O uso problemático do Snapchat também foi associado a dois outros traços de personalidade – sociabilidade e desejo de admiração, o que não foi verificado nos usuários que exageram no Facebook.
Estudos como este estão longe de trazer conclusões definitivas, mas é importante que sejam feitos. A mesma revista publicou um artigo, em 2016, que associava o uso exagerado do Facebook a narcisismo e baixa auto-estima. E há diversos trabalhos que destacam os efeitos deletérios do Instagram no bem-estar e na auto-imagem principalmente das mulheres.
A maioria dos usuários não tem maiores problemas com as redes sociais, e não dá para negar o lado bom delas. Mas muitos jovens têm uma relação complicada com essas plataformas, com interferência no humor e prejuízos nas atividades diárias, e mesmo assim não conseguem sair. Identificar vulnerabilidades pode levar a soluções para esses indivíduos.