Doutor, acho minha “pepeca” feia. Tem jeito?
Existem “pepecas” bem diferentes entre si. Talvez você esteja pensando em um “modelo” que você tenha visto na internet, todo simétrico, e idealizou essa imagem.
Na prática, porém, as vulvas podem ser diferentes. Aprenda a curtir a sua do jeito que ela é. E, na dúvida, consulte o ginecologista.
@jairobouer "Acho a minha feia" 🥹 #jairoresponde#duvida#dicas#jairobouer#curiosidade#saude♬ Never Really Liked You - Official Sound Studio
Um estudo realizado no ano passado, na Suécia, mostrou que 34% de 3.500 entrevistados estão insatisfeitos com o tamanho e com a aparência dos seus genitais. Segundo a pesquisa, existe uma ligação entre ter lábios vaginais e pênis considerados “menores” com um maior índice de descontentamento.
Do total, 3,5% das mulheres e 5,5% dos homens manifestaram uma baixa autoestima significativa em relação aos seus órgãos sexuais. Os dados mostram ainda que mais de 11% deles e quase 14% delas consideram a ideia de realizar uma cirurgia para melhorar a aparência do pênis e da vagina.
Nos últimos anos, profissionais têm notado uma maior preocupação com relação à aparência da vulva entre meninas e jovens. Os pedidos para a realização de cirurgias íntimas, como redução dos lábios vaginais, são cada vez mais frequentes nos consultórios ginecológicos de todo o país.
De acordo com a ginecologista Claudia Barbosa Salomão, o uso da internet é uma das razões que explica esse fenômeno: “Essa superexposição de nudes e das imagens proporcionada pela internet pode levar essa jovem a fazer comparações, mas isso não é nada bom, porque, na realidade, a diversidade é uma coisa natural do ser humano”.
A médica lembra que a vulva muda muito na adolescência. Aquele pequeno lábio que a menina apresenta na infância – pequeno, delicado e de pouca extensão – de repente dá lugar a algo maior, que acaba crescendo um pouco antes do grande lábio.
Nesse contexto, a especialista enfatiza a necessidade de ter cautela antes de realizar a cirurgia em uma adolescente. Afinal, é um procedimento definitivo e a percepção sobre a vulva pode mudar muito. Segundo ela, é fundamental uma avaliação prévia minuciosa do comportamento da paciente e da razão pela qual ela quer fazer a cirurgia.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin