Seguidora conta que está fissurada em uma cantora e quer saber se deve ou não mandar mensagem
Redação Publicado em 16/08/2022, às 21h00
“Doutor, estou fissurada em uma cantora que sigo nas redes. Ela também é lésbica e está solteira. Meu sonho é ficar com a artista. Mando mensagem?”
Essa pergunta levanta algumas considerações importantes. Não é porque que a pessoa pela qual há interesse é lésbica e solteira, e a outra também (pelo menos, é o que parece), que há tem o caminho aberto para “chegar”. É preciso tomar muito cuidado com o que é fantasia, “paixonite” e o que pode ser realidade.
Esse alerta não é para desanimar e dizer que não pode, eventualmente, dar certo – claro que pode! Mas existe a possibilidade concreta e real de que a pessoa veja a mensagem e não responda, ou nem leia. É importante estar preparada para não ficar magoada, triste ou frustrada caso não haja correspondência.
Algumas pessoas perdem o limite do que pode ou não ser feito, ou seja, entram em um quadro quase obsessivo e compulsivo de adoração a uma celebridade por gostarem do trabalho, do jeito, da aparência ou do estilo dela.
Porém, essa atração, seja física ou não, pode acabar se transformando em um exagero, fazendo com que a pessoa siga essa celebridade e mande mensagem compulsivamente, gerando incômodo - e, o que era para ser algo legal, vira algo “chato”.
Por fim, não há nenhum grande problema em mandar uma mensagem e falar que gosta da pessoa. Porém, é importante estar preparada se não for respondida ou correspondida para evitar frustrações e chateações.
Vale lembrar ainda que se estiver com dificuldades de lidar com essas emoções e sentimentos, é sempre uma boa ideia buscar a ajuda de um profissional de saúde mental.
A síndrome é considerada por psicólogos um tipo de relacionamento parassocial – aquele que pessoas estabelecem com famosos, celebridades ou influenciadores digitais, e que ocorre quando o sentimento se transforma em fascinação e em preocupação obsessivas. Tem sido descrita como um tipo de transtorno obsessivo-compulsivo, embora esta não seja uma condição clinicamente reconhecida no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5).
Como todos os relacionamentos parassociais, a síndrome de adoração a celebridades pode ser considerada um relacionamento unilateral e não recíproco, algo que também pode ser denominado "limerência". Envolve uma pessoa que está investindo muito tempo e energia em uma conexão com alguém (neste caso, uma celebridade) que quase sempre nem sabe que o admirador existe.
Confira:
Interações e relacionamentos parassociais não são incomuns ou necessariamente negativos. As conexões que você sente com celebridades, ou mesmo com personagens fictícios, podem transmitir lições positivas na vida. Mas a síndrome de adoração a celebridades é mais do que uma relação parassocial. É um padrão de comportamentos muitas vezes obsessivo, compulsivo e viciante.
Especialistas acreditam que isso ocorra de modo contínuo e várias escalas foram desenvolvidas para medir seu nível de intensidade. Uma das mais proeminentes, a Escala de Atitudes de Celebridades, foi desenvolvida em 2002, projetada para avaliar os níveis de adoração de famosos e como cada nível afeta o bem-estar mental. Até um terço do público em geral pode experimentar a adoração a celebridades em um nível patológico limítrofe.
Não há nenhuma causa direta conhecida da síndrome de adoração de celebridades. Como uma condição com propriedades obsessivo-compulsivas, a presença de certas condições de saúde mental pode desempenhar um papel no desenvolvimento do culto às celebridades.
As pessoas com uma chance maior de desenvolverem tendências de adoração a celebridades normalmente podem ter sinais como:
De acordo com um estudo de 2018, outros fatores que podem aumentar as chances de desenvolver a síndrome de adoração a celebridades incluem sonhar acordado com a pessoa, ter um forte desejo de ser famoso, além de apresentar comportamentos compulsivos, como uso obsessivo da internet.
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