Na casa mais vigiada do país, o acesso ao álcool é limitado às festas e a ações pontuais
Redação Publicado em 29/03/2022, às 16h00
Participantes do BBB 22 e telespectadores esperam ansiosamente pelas festas que acontecem na casa, seja pelas decorações incríveis ou pela possibilidade de relaxar com uma bebida alcoólica. Mas, afinal, qual o impacto de não ter acesso liberado ao álcool para os participantes? Essa foi uma das perguntas levantadas durante uma live com Jairo Bouer.
Segundo o psiquiatra, há muitos pontos a serem considerados quando falamos sobre consumo de álcool. A primeira coisa é que, em uma situação de confinamento, a chance do indivíduo beber mais ou beber de uma forma inadequada é maior.
Foi exatamente isso que a gente viu na pandemia. Bares e festas fecharam, mas nunca se vendeu tanto álcool como nesse período de isolamento e tivemos um aumento importante de consumo de bebidas alcoólicas dentro de casa”, relembra.
Isso acontece porque as pessoas ficam mais estressadas, angustiadas, ansiosas, com menos opções de lazer e acabam enxergando no álcool uma possibilidade de escape dessa realidade. Além disso, pensando no BBB, também tem a questão de jogo envolvida. Não é apenas o confinamento, os participantes vivem em um ambiente em que há disputa pelo poder, sendo uma camada adicional de tensão que faz com que bebam mais.
Jairo explica que o fato do álcool não estar liberado a qualquer momento provoca uma “privação” e, consequentemente, aumenta o risco de abuso:
É só pensarmos em uma dieta alimentar. Você fica proibido de comer chocolate durante um mês e, quando finalmente é liberado, pode acabar exagerando”, comentou.
Confira:
Toda essa restrição pode fazer com que a pessoa tenha esse padrão de comportamento, que os especialistas chamam de “binge drinking” – beber muito álcool em um curto espaço de tempo. Em situações como essa, o corpo não dá conta de metabolizar esse álcool e o indivíduo acaba se intoxicando mais rápido, tendo o famoso “porre”.
Quando a pessoa toma um ‘porre’, ou seja, fica com altos níveis de embriaguez, a gente vê muitas coisas que estamos vendo dentro da casa do BBB, como brigas, desentendimentos, crises de choro e por aí vai”, pontua Jairo.
O psiquiatra explica que, em casos em que perdemos a autonomia, quando temos acesso a objeto que foi limitado, o risco de se relacionar mal com ele é maior. Portanto, ter situações e horários limitados para consumir álcool faz com que, muitas vezes, a pessoa se sinta frustrada, com a sensação da perda da liberdade, podendo beber mais ou pior.
Ao ser perguntado “se a bebida ficasse disponível o tempo inteiro, a situação mudaria?”, Jairo respondeu que talvez. Segundo o médico, para os participantes que se relacionam bem com a bebida e sabem fazer um consumo moderado, o cenário poderia ser diferente: tomar uma caipirinha enquanto está na piscina, ingerir uma dose quando está ansioso ou para confraternizar. Por outro lado, existem pessoas que se relacionam mal com a bebida:
Tem gente que fica bebendo o dia inteiro sem parar, ainda mais em um confinamento. Então, essas pessoas descompensariam, o que não seria bom. Além disso, ainda teria mais chances de fazer alguma bobagem e se queimar com o público”, analisa Jairo.
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