Animais também sentem prazer no acasalamento? Existem bichos "monogâmicos'? Rola paquera e namoro? Esses foram alguns temas discutidos numa live com o
Da Redação Publicado em 31/10/2020, às 08h00 - Atualizado às 14h07
Animais também sentem prazer no acasalamento? Existem bichos “monogâmicos’? Rola paquera e namoro? Esses foram alguns temas discutidos numa live com o biólogo Guilherme Domenichelli, da TV Animal, e o jornalista Marcelo Duarte, com quem Jairo Bouer escreveu o livro “Guia dos Curiosos – Sexo” (Panda Books).
Para quem não sabe, além de médico psiquiatra, Bouer também é formado em Biologia e fez mestrado em “evolução humana e comportamento”, com foco em sexualidade, na University College London.
Para os humanos, a reprodução não é a única finalidade do sexo, o que faz muita gente questionar se somos a única espécie a transar só por prazer.
Assim como existem milhares de espécies diferentes, cada uma evoluiu de maneira distinta. Embora o objetivo principal dos animais seja perpetuar a espécie, a variedade é tão grande que inclui algumas exceções à regra.
“A questão ambiental também é definidora dos padrões de comportamento, e, às vezes, uma única espécie pode ter padrões diferentes, dependendo da ecologia e dos recursos disponíveis”, acrescenta Jairo.
É impossível falar de sexo animal sem falar do bonobo, também chamado de chimpanzé-pigmeu, que tem alguns comportamentos muito parecidos com os nossos. “Os bonobos têm uma sexualidade aflorada; existe masturbação entre eles, comportamento homossexual, sexo só por prazer”, conta Domenichelli.
Eles também beijam com a língua e fazem sexo “face a face”, o que é raro entre os primatas. “Acredita-se que a sexualidade aflorada é uma festratégia evolutiva de reduzir a tensão e a violência no grupo. Os bonobos são muito mais tranquilos e pacíficos que os chimpanzés, por exemplo, que são agressivos e até praticam infanticídio”, revela Bouer. É um caso típico de “Faça amor, não faça guerra”!
Os especialistas acreditam que outras espécies também podem obter algum tipo de bem-estar no processo de acasalamento, assim como a gente. Durante muito tempo se falou que o sexo dos animais só tinha fins reprodutivos, mas, quanto mais os especialistas se aproximam e estudam o comportamento dos bichos, mais a hipótese de outros “ganhos” é reforçada (lembrando que, em evolução, quase tudo são teorias).
“Gatos e cachorros também se estimulam, de certa forma porque isso dá algum tipo de retorno para eles”, comenta Bouer.
Os primatas, de modo geral, não têm um único parceiro, assim como várias outras espécies, o que é importante para eles porque a variabilidade genética pode conferir uma maior amplitude de respostas adaptativas, como, por exemplo, uma maior resistência a determinadas infecções. Mas é possível que certas contingências, como o fato de algumas espécies viverem de forma mais isolada, traga exceções à regra, como o primata Gibão, que tende as ter “relacionamentos mais fixos e exclusivos”.
Já entre as aves a monogamia é mais comum. “Papagaios, araras e cisnes formam casais e ficam juntos a vida toda”, exemplifica Domenichelli. E até o fato de papagaios domesticados legalmente darem preferência a um ou outro humano que convive com eles reforça essa inclinação para uma certa “fidelidade”, digamos assim. Mas, mesmo nessas espécies mais “monogâmicas”, cópulas (relações sexuais) “extra-par” podem acontecer, o que pode contribuir para a maior variabilidade genética da espécie.
Bouer ainda alerta que tragédias ambientais, como temos visto no Pantanal ou na Amazônia, este ano, podem ter forte impacto no comportamento sexual dos animais. “Com menos recursos, a prioridade não é a reprodução e sim a sobrevivência”, explica. Com menos acasalamento, muitas espécies que já estavam ameaçadas podem ser extintas para sempre.
Você quer saber mais sobre a vida sexual dos bichos, entender por que alguns pandas precisam assistir “tutoriais” para se reproduzir, ou por que a aranha viúva-negra mata o parceiro após a cópula? Dá uma olhada na íntegra da live:
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