Novembro azul é o mês em que a gente se dedica a falar dos cuidados com a saúde masculina e, em especial, a prevenção ao câncer de próstata.
Só para explicar: a próstata é uma glândula exclusiva dos homens, do tamanho de uma noz, que fica abaixo da bexiga e à frente do reto, cuja função é produzir líquidos que vão compor o sêmen, fornecendo proteção e nutrientes aos espermatozoides. A uretra passa por dentro da próstata.
O câncer de próstata é o segundo mais frequente entre os homens, só ficando atrás do câncer de pele do tipo não melanoma, e é mais comum a partir dos 50 anos. Em 2022 e 2023, o Ministério da Saúde estima cerca de 72 mil casos aqui no Brasil.
Homens que têm história desse tipo de câncer na família devem ter uma atenção redobrada e fazer os controles de forma mais precoce. Os exames mais comuns para a prevenção de um câncer avançado são a dosagem do PSA (antígeno prostático) e o toque retal.
Esse câncer pode ser assintomático por muitos anos e, quando surgem sintomas, os iniciais são dificuldade para urinar, urinar muitas vezes, jato fraco de urina, ter que acordar para urinar, sangue no esperma ou na urina e, eventualmente, dor. Esses sintomas podem se confundir com os de outras doenças da próstata, como infecções (prostatites) e o crescimento benigno, conhecido com o HBP (hiperplasia benigna da próstata).
Os principais fatores de risco são idade, casos na família antes dos 60 anos, sobrepeso e obesidade, dieta rica em gordura e cigarro. É mais frequente na população negra.
Quanto antes for feito o diagnóstico e o tratamento, melhor o prognóstico. É importante lembrar que boa parte dos tumores de próstata tem evolução muito lenta e apenas necessitam de acompanhamento médico e exames periódicos, sem intervenções mais invasivas.
Uma das principais dificuldades com esse tipo de câncer é a resistência masculina em buscar ajuda. Por conta de medo, preconceito, machismo, muitas vezes o homem evita fazer os controles necessários. E nesse ponto a mulher tem um papel central. São as mães, irmãs, parceiras e até filhas que, muitas vezes, facilitam o caminho desse homem até o médico.
Antes de terminar, vale lembrar que mulheres trans que têm próstata também precisam fazer os controles com o urologista à medida em que ficam mais velhas.
Este conteúdo é uma parceria com KY.
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Dr. Jairo Bouer
Médico psiquiatra com formação na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), biólogo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e mestre em evolução humana e comportamento pela University College London, além de palestrante e escritor. Twitter: @JairoBouerDr