Redação Publicado em 01/02/2022, às 16h30
A participação da atriz e cantora Linn da Quebrada no BBB 22 trouxe à tona um debate sobre identidade de gênero. A sister – que se identifica como travesti e tem tatuado na testa o pronome “ela” – vivenciou alguns episódios nos quais os companheiros de confinamento se referiram a Linn como “ele”.
Mas como situações assim impactam o psicológico de uma pessoa que passou por uma transição de gênero? De acordo com Jairo, essa é uma questão bastante dolorosa e que acompanha a pessoa por boa parte da vida:
É quase como se você negasse tudo aquilo que a pessoa está vivendo e todo o sofrimento que ela passou durante esse processo de transição. Mulheres e homens trans e travestis enfrentam uma série de questões e impactos emocionais nessa trajetória”, explicou.
No caso da Linn, por exemplo, que tem muito claro que prefere ser chamada de “ela”, utilizar o pronome “ele” significa praticamente negar a sua existência. Da mesma forma que referir-se a uma mulher cis utilizando “ele” vai causar desconforto, isso é algo que incomoda pessoas que vivenciam a transição de gênero.
É ela. É dela. Isso precisa ser respeitado, o indivíduo deve ser chamado da forma que quer. Não é uma escolha, a pessoa procura construir uma identidade durante toda a vida e quer ser reconhecida por isso”, enfatizou Jairo.
Confira:
Linn mostra como ainda falta discutir sobre o tema, tanto que Tadeu Schmidt, apresentador do programa, abriu um espaço ao vivo para que ela explicasse como deseja ser chamada. Linn contou ter tatuado o pronome "ela" acima da sobrancelha para que a mãe não esquecesse de chamá-la da maneira correta.
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Em tempo: "mulher trans" é a pessoa que se identifica como sendo do gênero feminino, embora tenha sido biologicamente designada como pertencente ao sexo/gênero masculino ao nascer. Já o termo "travesti" é descrito como uma construção de gênero, oposta ao sexo biológico, e que pode, ou não, envolver modificações no corpo, como procedimentos estéticos, hormonioterapia ou cirurgia de redesignação sexual.
Por muito tempo, julgou-se que "travesti" era aquela pessoa que "apenas" se vestia de mulher. Mas a verdade é que muita gente não tinha acesso aos tratamentos de redesignação sexual, apesar de sentirem essa necessidade. Historicamente, essas pessoas foram estigmatizadas, associadas à prostituição, de modo que muitas mulheres trans bem-sucedidas, hoje em dia, fazem questão de serem chamadas de travestis como forma de lutarem contra o preconceito. Quem tem dúvidas deve sempre perguntar, educadamente, como a pessoa prefere ser chamada.
Desde 2018, é possível realizar a alteração de nome e gênero no registro civil, no Brasil, sem que seja necessária autorização judicial. O processo antes era feito por intermédio de advogados e era preciso aguardar a aprovação do juiz, o que levava tempo.