Como inovar em uma relação longa em meio à pandemia?

Leitora pergunta sobre formas de melhorar um relacionamento convivendo 24 horas por dia

Redação Publicado em 30/05/2021, às 12h00

Segundo a especialista, o cotidiano pode não permitir que o casal se conheça totalmente - iStock

Doutor, como inovar em relacionamentos com mais de 20 anos? Ainda mais na pandemia, olhando 24 horas por dia para a pessoa? 

Durante uma live, os psiquiatras Jairo Bouer e Carmita Abdo foram questionados por uma seguidora sobre como inovar em um relacionamento de longa duração em meio à pandemia de Covid-19. Para a especialista, a tarefa é realmente desafiadora. 

“Não é fácil passar o dia inteiro ao lado de alguém e ainda querer fazer sexo com aquela pessoa sendo que você não tem mais nenhuma novidade. Por isso, é importante a gente estar sempre procurando acrescentar alguma coisa no nosso conhecimento, na nossa vida, na nossa roupa e no nosso jeito de lidar com a pessoa com quem a gente se relaciona”.  

Muitos casais se queixam que, durante o isolamento social, é impossível ficar longe um do outro. Porém, Carmita recomenda que cada um fique em um cômodo e se envolva com suas próprias coisas. Assim, a pessoa terá o que contar para outra, assuntos para discutir e, até mesmo, para brigar. Caso contrário, se ambos ficarem “grudados” o dia todo, o relacionamento pode tornar-se desinteressante. 

Será que acabou a novidade?

Em relacionamentos longos – de 20, 30, 40 anos – existe a impressão de que não há mais nenhuma novidade e o casal sabe tudo um do outro. Será mesmo? A vida passa por muitas mudanças e, muitas vezes, o dia a dia não oferece o espaço necessário para descobrir o parceiro ou parceira. 

“Infelizmente, no cotidiano, a gente não tem tempo para conhecer. Descobrimos coisas maravilhosas das pessoas com quem fazemos sexo de repente, quando existe mais tempo e estamos mais distraídos. É nesse momento que o relacionamento ganha uma nova possibilidade, porque você descobriu um aspecto que ainda tinha sido pouco explorado”, explica Carmita.  

Além disso, a especialista explica que as coisas ruins também podem aparecer e é interessante para o casal tentar negociar: será que isso atrapalha o nosso sexo? Vamos tentar mudar? 

O importante é “não se dar por vencido” e achar que já conheceu tudo sobre o parceiro ou a parceira: “não reduza a pessoa com quem você vive e a si mesmo a um mero cotidiano imutável. É possível mudar, crescer, acrescentar e também alterar coisas desagradáveis”. 

Por último, Carmita ainda faz uma recomendação: “há muita coisa negativa em um relacionamento longo: mágoas, rancores e ressentimentos, por exemplo. Assim, se você puder não ser ressentido nessa vida, não seja. Porque, se existe algo péssimo para o relacionamento sexual, é o ressentimento”.  

Confira:

Uma série de possibilidades

Em um momento da live, Jairo comentou sobre como é interessante, nesse momento de pandemia, observar todos os tipos de comportamentos possíveis entre os casais: os que não aguentaram a pressão da convivência e se separaram, os que tiveram mais tempo para se redescobrir e, ainda, os chamados “romances pandêmicos", casais que se juntaram durante esse período e estão tentando administrar essa nova relação. 

Segundo Carmita, foi maravilhoso perceber as pessoas se reencontrando e tendo um novo olhar sobre si mesmas: “Não dá para ter sexo bom sem ter saúde, assim como não dá para ter uma relação harmônica se você não é uma pessoa minimamente resolvida. Veja se você está bem com você para se entender com alguém. Às vezes, a falta de entendimento com o outro está muito mais relacionada à dificuldade consigo mesmo”.

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