Redação Publicado em 29/01/2021, às 10h00
A última live de Rapidinhas com Dr. Jairo (27/01) foi em homenagem à semana da visibilidade trans e contou com a presença de Alicia Krüger, ativista e farmacêutica que se apresenta como travesti. Ela também é mestra em saúde coletiva pela Universidade de Brasília e doutoranda em endocrinologia clínica pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Durante o bate-papo, que foi transmitido pelo Instagram, os dois debateram assuntos relevantes às pautas trans e solucionaram as principais dúvidas enviadas pelos seguidores. Já no início da conversa, Jairo pede a Alicia que explique melhor a diferença entre pessoas trans e travestis, já que a terminologia nem sempre é clara a todos.
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Alicia explica que a diferença entre pessoas cis e trans é mais fácil de se entender do que parece. As pessoas cis são aquelas que nascem com um gênero com o qual se identificam. Por exemplo: Jairo, que é cis, nasceu como menino e isso faz sentido para ele, então ele se sente e se vê como homem.
Já quem é trans nasce com um gênero com o qual não se identifica. A exemplo disto, temos a própria Alicia, que ao nascimento foi definida como menino, porém isso não foi uma verdade para ela. Ou seja, ela se identifica com o gênero feminino e se sente uma mulher. Veja a explicação completa no vídeo:
Outro ponto que costuma causar muitas dúvidas e confusão é a questão da identidade de gênero e a orientação sexual. Jairo explica de forma bastante clara que a orientação sexual é para onde o desejo de cada um aponta, enquanto a identidade de gênero é como cada um se percebe quando olha para si mesmo.
Alicia ainda complementa a explicação, dizendo: “orientação sexual é com quem eu quero estar. Identidade de gênero é quem eu sou”. Para ser ainda mais claro, ela explica que uma pessoa pode ser gay (gostar de pessoas do mesmo gênero que lhe foi definido ao nascimento) e, ainda assim, ser uma pessoa trans (que não se identifica com o gênero definido ao nascimento). Você pode assistir à explicação no vídeo abaixo:
A origem do Dia Nacional da Visibilidade Trans (29/01) data de 2004, quando um grupo de ativistas foi a Brasília reivindicar uma série de mudanças e direitos para a comunidade trans. Esse é um movimento recente, quando comparado à história do país, o que significa que ainda há muito espaço para mudanças que ainda são necessárias.
Alicia comenta que a data ainda não pode ser comemorada, pois os indicadores brasileiros ainda são bastante preocupantes para a comunidade trans. Atualmente, o Brasil é o país que mais mata travestis e transsexuais no mundo todo, de acordo com o Transgender Europe, uma rede de diferentes organizações que trabalham para combater a discriminação contra pessoas trans e que tem o apoio da União Europeia. Saiba mais no vídeo abaixo:
Apesar das evoluções e conquistas já realizadas, ainda existe muita violência e preconceito contra pessoas trans. E há cada vez mais evidências, baseadas em estudos, de que essa exclusão e discriminação social fazem um tremendo mau para a saúde das pessoas trans. A expectativa de vida das pessoas trans é de apenas 35 anos (o que é ainda 40 a menos do que a população em geral), sendo a violência a causa mais comum das mortes.
Entretanto, também em função de todas as exclusões, preconceitos e pressões sociais, existe também uma alta incidência de quadros de depressão, transtornos de ansiedade e outras questões de saúde mental que levam as pessoas a terem comportamentos autoagressivos, como as tentativas de suicídio. O preconceito faz tão mal, que as vítimas sofrem com males físicos, como doenças cardiovasculares. Veja o relato de Alicia no vídeo: