Redação Publicado em 22/09/2022, às 10h00
Em mais um episódio da série Dose de Responsabilidade, que aborda questões importantes sobre álcool e comportamento, Jairo Bouer entrevistou o psiquiatra Bruno Branquinho para debater sobre a relação entre bebidas alcoólicas e diversão.
Não é difícil escutar alguém dizendo frases como "preciso beber até cair" ou "balada sem álcool não tem graça". Para Bruno, essas expressões são reflexo da nossa cultura, baseada na ideia de que, onde há diversão, necessariamente precisa existir o álcool.
O adolescente naquela fase de experimentação, de querer provar as coisas e romper as regras, dado que o álcool é só permitido para maiores de 18 anos, vê esse consumo como uma opção. Além disso, também tem os exemplos dos adultos (que também já foram adolescentes) e continuam bebendo em quase todas as situações sociais. Então, a gente constrói a nossa identidade e ideia de diversão baseado no uso de álcool", explica.
O psiquiatra conta ainda que isso não quer dizer que o álcool é necessário para o divertimento - pelo contrário, quem não consome bebidas alcoólicas também se diverte - mas, a partir do momento que essa ideia é construída, isso acaba ficando internalizado e desfazer essa relação fica muito mais difícil.
Apesar de ficar mais difícil, não é impossível. Vai depender de um esforço ativo da própria pessoa para não consumir o álcool durante os períodos de diversão e entender que isso será um processo, ou seja, não é na primeira vez sem beber que ela vai se divertir como nunca. Será uma experiência diferente, que também pode ser prazerosa e divertida", comenta Bruno.
O que é melhor: desassociar essa relação entre álcool e divertimento definitivamente ou buscar a moderação? De acordo com Bruno, essa é uma escolha individual, na qual a pessoa precisa entender o quanto esse consumo traz prejuízos para sua vida e, a partir daí, tomar uma decisão.
É possível moderar sim. Mas lembrando sempre que o álcool é uma droga que tem um efeito desinibidor (diminui a timidez, a atenção e faz o indivíduo se soltar um pouco mais) ao mesmo tempo que, a partir de certa dose, prejudica a nossa capacidade de tomar decisões".
Confira:
Durante a conversa, Jairo deu exemplo de um seguidor que contou ter um consumo de álcool que não trazia grandes problemas, mas isso mudou e há algum tempo ele começou a perder o controle. Bruno explicou que qualquer droga, incluindo o álcool, tem a chance de mudar o nosso padrão de consumo.
Às vezes você usa uma quantidade controlada e de repente perde o controle desse consumo. Isso tem relação com a nossa vida, ou seja, se estamos passando por um momento mais estressante, estamos enfrentando alguma questão como um luto, término de namoro ou demissão. Quando as pessoas estão muito ansiosas, angustiadas ou deprimidas, elas podem usar o álcool como um aliviador do sofrimento".
Portanto, a recomendação é sempre que houver alguma mudança de padrão de consumo, procurar entender o que está acontecendo. O indivíduo pode fazer isso sozinho, mas o mais indicado é buscar ajuda de um profissional de saúde mental.
Em situações como essa, muitas pessoas podem deixar de frequentar situações sociais, como baladas e barzinhos, por medo de não conseguirem controlar o consumo de álcool. Porém, Bruno acredita que é melhor entender a razão para o exagero e agir sobre a causa (seja com terapia ou um tratamento medicamentoso) para não precisar recorrer ao álcool para aliviar o que está sentindo - e nem se privar de momentos de diversão.
O ser humano é constantemente influenciado por um grupo, seja a sociedade como um todo, seja pela família ou amigos. Essa "pressão" - que pode ser implícita ou explícita - é o que leva as pessoas a agirem de acordo com a maioria.
Assim, se um indivíduo está inserido em um grupo que costuma beber mais, é bem provável que ele também tenha um consumo maior de álcool já que é difícil ir contra a maioria.
É muito difícil fugir dessa pressão, mas não é impossível. E isso vale para qualquer coisa, qualquer grupo que você participe terá alguma ideia compartilhada pela maioria que terá influência sobre você. Se a pessoa vai ceder e fazer igual ao grupo é outra história, mas essa pressão existe", comenta.
O ideal é não estabelecer uma relação de dependência entre esses três elementos, ou seja, "preciso beber para flertar ou transar". Mas sabemos que o álcool é uma substância que de fato ajuda a desinibir e a baixar a ansiedade, o que leva, muitas vezes, os jovens ou pessoas mais tímidas a consumirem bebidas alcoólicas como forma de conseguirem reduzir a tensão e realizarem determinada ação.
Usar o consumo de álcool para relaxar é algo muito comum, mas é importante ficar atento para que isso não vire uma regra, não ser algo que você precise para flertar, transar ou fazer qualquer outro movimento", enfatiza Bruno.
Para saber mais sobre consumo de bebida alcoólica antes dos 18 anos, confira o conteúdo do site https://nareal.org/. Ajude a fazer a diferença e complete o teste Na Contramão no site https://drinkdriving.drinkiq.com/. Marque seus colegas e compartilhe com amigos ou familiares.
Como parte da iniciativa do programa Na Contramão, o Instituto Diageo vai realizar o concurso “Escolha Certa”, que vai premiar as melhores frases que abordarem o tema “beber e dirigir”, direcionadas para a conscientização sobre os riscos de dirigir alcoolizado.
Para participar do concurso, os interessados precisam assistir todo o conteúdo do programa Na Contramão e receber o certificado de participação. Após isso, devem acessar o hotsite www.concursoescolhacerta.com.br para realizarem o seu cadastro e submeterem sua frase sobre o tema. As melhores frases serão premiadas com diversos prêmios que podem ser conferidos no regulamento do concurso disponível no hotsite.
Assista à entrevista completa: