Envolvimento do álcool em emergências afeta todas as classes sociais

Emergencista conta como o abuso de bebida é presente nos atendimentos médicos

Redação Publicado em 19/09/2022, às 10h00

Abuso de álcool é presença constante nas emergências médicas - Arte/Site Doutor Jairo

Para abrir uma série especial de entrevistas sobre álcool e comportamento do Dose de Responsabilidade, o psiquiatra Jairo Bouer conversa com a médica de família e emergencista Fernanda Wendel.

Um dos principais pontos observados pela médica nos atendimentos de emergência relacionados ao álcool é o papel da substância como deflagrador de conflitos familiares e agressões. “Vemos muitos casos de violência contra a mulher e contra a criança, e às vezes até violência contra os pais ou idosos em casa por causa do abuso de álcool”, comenta.

Abordar essa questão dentro das famílias é sempre um desafio para o médico, porque muitas vezes o dependente de álcool também é provedor, o que impossibilita o afastamento para tratar a condição. Outra questão é que a família inteira fica doente.

Álcool e acidentes

Como médica da família e no dia a dia como emergencista, o que Fernanda também observa é o forte envolvimento do abuso de álcool com traumas e acidentes, como afogamentos, quedas, atropelamentos etc.

Muitas vezes a principal vítima não é quem abusa da bebida, mas as pessoas que pegaram carona com ela, ou que são atingidas em acidentes de trânsito. “Em São Sebastião, no litoral, muita gente precisa atravessar a estrada para ir trabalhar de manhã, e é comum ser atropelado por um motorista embriagado que volta da balada”, ilustra.

Outra situação comum na cidade litorânea é afogamentos de turistas, frequentes no verão e na hora do almoço, porque a pessoa ingere álcool sem se alimentar direito.

Confira:

Brigas no bar ou na balada

Fernanda ainda observa que muita gente vêm querendo tirar o atraso da balada, e chega com um nível de embriaguez tão alto que não se lembra, por exemplo, se bateu a cabeça. Isso complica bastante o atendimento de emergência, que muitas vezes depende de procedimentos realizados com rapidez.

Como observa Jairo, quanto mais uma pessoa bebe, maior a dificuldade em avaliar riscos, como se perdesse esse filtro. E a consequência pode ser acidentes que parecem sem sentido, como o de alguém que vai tirar selfie e cai de algum lugar alto.

Por último, o abuso de álcool também é um potencial deflagrador de brigas que acabam em tragédias e, embora exista estigma em relação a essa ocorrência, a verdade é que o problema afeta todas as classes sociais, desde o boteco “pé sujo” até as baladas mais caras.

A mesma coisa acontece em relação ao sexo desprotegido, outro comportamento de risco associado ao consumo abusivo de álcool – a situação afeta pessoas de diferentes classes e níveis de educação.

Confira a entrevista na íntegra:

comportamento álcool risco

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