Redação Publicado em 31/05/2021, às 15h00
Doutor, gosto de ver anúncios de cueca para vender. Isso pode indicar alguma coisa?
Bom, primeiramente, pode indicar apenas que a pessoa gosta de ver esse tipo de anúncio. Se o homem aprecia o que está atrás ou ao redor da cueca já é algo pessoal. Pelos simples fato de ter esse hábito e só com essas informações não é possível saber se o homem é gay, bissexual ou heterosexual.
Para os profissionais de saúde, que lidam com epidemiologia ou com saúde pública, a classificação de “homens gays” ou “bissexuais” não é utilizada. Nesse caso, o termo usado é “homens que fazem sexo com homens”, representado pela sigla HSH.
Ao adotar o termo “HSH”, é aberto um caminho para várias classificações possíveis: homens gays que transam exclusivamente com homens, bissexuais, que mantêm relações sexuais com pessoas do sexo masculino e femino, e aqueles que se consideram heterossexuais, mas que já tiveram ou às vezes vivenciam experiências com outro homem.
Essa classificação, do ponto de vista da saúde, é muito importante por englobar um grupo amplo, que pode estar se expondo a um determinado tipo de comportamento, risco ou relacionamento.
Confira:
Do ponto de vista individual, por que é tão importante para as pessoas tentar se encaixar em uma classificação? Para muitos, existem apenas três categorias possíveis:
Heterosexual: mantém relações sexuais apenas com o sexo oposto;
Homossexual: mantém relações sexuais apenas com o mesmo sexo;
Bissexual: mantém relações sexuais com pessoas de ambos os sexos.
Entretanto, há muitos anos os especialistas mostram que a questão das experiências sexuais se assemelha muito mais a um gráfico com várias possibilidades no meio do caminho do que a três caixas distantes e isoladas umas das outras.
Na verdade, o que existe é uma espécie de gradação. Existe o indivíduo que nunca teve e nem quer ter uma experiência com alguém do mesmo sexo, em outro extremo tem aquele que só teve experiências com pessoas do mesmo sexo - e, no meio do caminho, há os bissexuais. No meio dessas definições há inúmeras alternativas.
O mais importante é como a pessoa se sente. Um homem, por exemplo, pode se classificar como heterosexual e já ter se relacionado no passado ou ter relações ocasionais com outro homem. Isso não quer dizer que ele seja homossexual ou bissexual – e também não significa que seja exclusivamente heterossexual. Enfim, nesse caso, talvez ele esteja em algum ponto dessa gradação.
Em vez de ficar pensando em qual classificação se enquadra, o ideal é estar bem consigo mesmo, não fazer mal, não enganar ninguém e viver a vida afetiva e sexual da maneira que se sente mais confortável e melhor.
Além disso, é fundamental lembrar que questões de orientação sexual podem mudar ao longo da vida ou em algumas fases. Portanto, não é preciso ficar preocupado em colocar as pessoas em caixinhas. Elas não cabem nessas caixinhas, são complexas, têm possibilidades e caminhos diferentes.
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