HPV: posso tomar vacina após os 18 anos?

Leitora pergunta se é permitido se vacinar contra o HPV mesmo não estando mais na faixa etária recomendada

Redação Publicado em 03/08/2021, às 17h00

No Brasil, a imunização contra o HPV é gratuita para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 10 a 14 anos - iStock

Doutor, não tomei a vacina contra a HPV até os 14 anos e ainda não fiz sexo. Posso tomar agora aos 18 anos?

A recomendação é que as vacinas contra o HPV (papilomavírus humano) sejam tomadas antes do início da vida sexual. Além disso, na adolescência, a resposta imunológica do corpo é ainda melhor quando comparada à fase adulta. 

De qualquer forma, aos 18 anos, a pessoa pode – e deve – ser imunizada contra o vírus, tanto iniciar o esquema (tomar a primeira dose), como completar. É recomendável também consultar um ginecologista para saber qual o esquema certo para cada caso. 

Por que “quanto antes melhor”?

O ideal é que a vacinação seja feita o mais cedo possível, antes de a menina começar a sua vida sexual. Isso porque, vacinando precocemente, a criança fica imunizada antes de um contato com o vírus do HPV. 

Assim, quanto antes acontece essa proteção, menores são os riscos de verrugas genitais ou lesões que, eventualmente, podem evoluir para um câncer.

No Brasil, desde 2014, o Ministério da Saúde implementou no Sistema Único de Saúde (SUS) a vacinação gratuita contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 10 a 14 anos de idade. 

Confira:

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), essa faixa etária foi justamente escolhida por apresentar maior desempenho na produção de anticorpos e por ter sido menos exposta ao vírus por meio de relações sexuais

A vacina disponível no programa brasileiro de imunização é a quadrivalente, que protege contra os dois principais tipos de HPV associados ao câncer (tipos 16 e 18), além de outros dois tipos mais associados a verrugas genitais (tipos 6 e 11). 

Redução do câncer de colo de útero

Um estudo feito na Suécia - e publicado no The New England Journal of Medicine - acompanhou mais de 1,6 milhão de mulheres e mostrou que a vacina contra o HPV  foi capaz de reduzir em 88% os casos de câncer de colo de útero naquela população.

O trabalho envolveu meninas e mulheres que tinham de 10 a 30 anos de idade em 2006, um ano antes da introdução da imunização no país. A coleta de informações foi concluída em 2017 e a análise foi coordenada por equipes do Instituto Karolinska, da Universidade de Lund e da Agência de Saúde Pública da Suécia.

Os achados revelaram que o câncer de colo de útero foi diagnosticado em 19 mulheres que receberam a vacina quadrivalente de HPV e em 538 que não foram imunizadas. Segundo os pesquisadores, o resultado reflete a grande eficácia da vacina. 

Vale lembrar que esse tipo de câncer é o terceiro tumor maligno mais frequente nas mulheres brasileiras, depois do câncer de mama e o colorretal, de acordo com o INCA. Além disso, é o quarto tipo de tumor que causa mais mortes.

Em algumas regiões com menor acesso a exames preventivos, como é o caso da região Norte do Brasil, a doença mata mais que o câncer de mama.

Como não existe câncer de colo de útero sem o vírus, a combinação da vacina com o rastreamento da doença, que é realizado com exames regulares de papanicolau e testes de HPV, pode levar à eliminação desse tipo de tumor, além de reduzir muitos outros casos de câncer em homens e mulheres.

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