Redação Publicado em 09/10/2021, às 15h00
Neste episódio do “Dose de Responsabilidade”, Jairo Bouer toca em um assunto que talvez não esteja recebendo a devida atenção: a influência das redes sociais no padrão de consumo de álcool pelos mais jovens.
Segundo o médico, “as redes sociais tendem a tratar o álcool de forma positiva, o que pode influenciar o padrão de consumo de bebidas alcoólicas pelos mais jovens”, uma vez que, por exemplo, “vídeos populares do TikTok que referenciam o álcool se concentram em suas associações positivas e ignoram as negativas”.
Essa conclusão consta de um estudo publicado no Journal of Studies on Alcohol and Drugs. De acordo com ele, os 100 vídeos mais populares na plataforma TikTok – que foca um público muito jovem –, usando a hashtag #alcohol (ou #alcool, em português), tiveram quase 300 milhões de visualizações desde 2020, segundo o relatório.
Desses vídeos, 98% continham retratos positivos do álcool, enquanto apenas 4% deles descreviam algumas consequências negativas, isso de acordo com os pesquisadores da Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos.
“O TikTok, a gente sabe, pode influenciar o comportamento de saúde. Por exemplo, o aumento de exposição dos jovens ao marketing de álcool nas redes sociais pode se ligar a uma iniciação mais precoce de consumo de bebida alcoólica e a níveis maiores de consumo global”, alerta Jairo Bouer.
“Mais de um terço dos usuários do TikTok, isso é importante lembrar, são menores de idade. Por isso, os pesquisadores sentiram que era muito importante caracterizar que tipo de conteúdo estava sendo veiculado e os temas presentes nos vídeos quando o assunto é álcool”, enfatiza ele.
Os pesquisadores analisaram os 100 vídeos mais curtidos na página que têm a hashtag #alcohol no TikTok. Desse conteúdo, 41% eram vídeos-guia dando receitas de bebida. E a maior parte deles inclui bebidas com concentração de álcool mais alta, como os destilados.
Confira:
Embora as diretrizes das redes sociais proíbam conteúdo que retrate consumo de álcool, drogas ou tabaco por menores, é difícil saber o quão efetiva é essa política de contenção dessas informações, como ela é vigiada, como ela é controlada. Além disso, diz o estudo, esses vídeos são muito facilmente acessíveis por meio de uma simples pesquisa na internet e podem ser vistos por pessoas de qualquer idade.
“É interessante que a gente discuta um pouco esse assunto, porque muitas vezes os pais não têm muito controle do que os filhos estão consumindo nas redes sociais e, se os filhos são muito jovens, eles podem, sim, serem influenciados por essas mensagens que circulam no TikTok, no Instagram, e por aí vai”, enfatiza o médico.
Portanto, é muito importante que os pais também trabalhem a questão do consumo de álcool com seus filhos e que prestem atenção nos conteúdos que estão sendo consumidos nas redes sociais. De novo, pessoal, é muito importante que se evite o consumo de álcool antes dos 18 anos de idade para que os riscos de padrões mais nocivos sejam reduzidos”, conclui Jairo.
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