Seguidor conta que não sabe como dizer ao primo que não quer pegar carona com ele nessas circunstâncias
Redação Publicado em 14/06/2022, às 17h00
“Doutor, meu primo de 18 anos sai com a gente na balada e sempre bebe. Acontece que agora ele ganhou um carro do pai e insiste em dirigir depois de beber. Como falo para ele que não quero pegar carona com gente que bebeu?”
Simplesmente falando: “não irei pegar carona com você porque eu sei que me coloco em risco fazendo isso, assim como você também está se colocando em risco”.
Não é apropriado dirigir logo depois de beber e, além disso, vale lembrar que existem tantas outras alternativas para retornar para casa em segurança após uma noite de bebedeira: pegar um táxi, carro de aplicativo, ir a pé ou de transporte público. Mas bebida e direção não combinam nunca.
Além do impacto na saúde física, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas também apresenta riscos associados às questões comportamentais. Portanto, a pergunta é como beber muito álcool pode fazer com que pessoas adotem condutas que coloquem a própria vida em risco? E como esse consumo exagerado pode impactar algumas reações e respostas?
Primeiramente, o álcool, em doses iniciais, pode funcionar com um efeito estimulante. Nesses casos, a pessoa fica mais “alegre”, animada e acaba vencendo algumas inibições. Mas, à medida que a dose aumenta, o álcool assume um papel de depressor do sistema nervoso central. Ou seja: ele faz com que os reflexos e algumas atitudes fiquem mais lentas ou prejudicadas.
Um exemplo de mudança comportamental provocada pelo consumo exagerado de álcool é a diminuição da capacidade de avaliar o que é certo e o que é errado. Além disso, a nossa paciência fica prejudicada e pode ocorrer o aumento da impulsividade. Não é à toa que muitas pessoas podem adotar comportamentos agressivos e violentos em determinadas situações ao ingerirem muito álcool.
O nível de atenção também é comprometido com doses mais altas de bebidas alcoólicas, o que acaba afetando a competência de entender o que acontece ao nosso redor. Por essas razões, ninguém pode dirigir após ingerir álcool.
Lidar com todos esses aspectos comportamentais quando é preciso conduzir um carro é muito complicado. A pessoa acaba se colocando em risco e colocando a vida de terceiros em perigo. Além da lentidão dos reflexos, o indivíduo não consegue perceber se está em uma situação que pode levar a uma briga ou desentendimento, por exemplo.
Confira:
Antes de explicar por que beber com moderação é a melhor escolha, é importante definir o consumo moderado. Esse conceito varia entre os países e entre as diversas instituições que trabalham com consumo de álcool. De maneira geral, não existe um padrão de consumo que seja totalmente seguro para todas as pessoas.
Tem gente tão sensível ao álcool que mesmo o ato de beber pequenas quantidades pode levar a alterações significativas de comportamento. Para elas, talvez não beber seja a melhor ideia. Mas, para a maior parte da população adulta, o consumo moderado gira em torno de uma “dose padrão” de álcool por dia para mulheres e duas para homens.
No Brasil, não existe um conceito de dose padrão, mas uma porção padrão. Para efeito de rotulagem nutricional aceita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), são 10 gramas de álcool puro, que podem estar em uma latinha de cerveja de 330 mL, num cálice de vinho de 100 mL ou em uma dose de destilado de 30 mL. Assim, o homem que bebe, por exemplo, dois copos de cerveja por dia e a mulher que bebe uma dose de destilado estariam dentro de um padrão moderado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda diz que para estar dentro de um padrão de consumo moderado, a ingestão de álcool não deve acontecer de forma diária e, sim, com pelo menos dois dias sem beber na semana. Também é central lembrar que algumas situações, como ter menos de 18 anos, estar grávida, usar outros medicamentos com efeito no sistema nervoso central e conduzir um carro não admitem consumo moderado. Nesses casos, beber álcool não deve acontecer em nenhuma hipótese.
Só mais um dado para você não se confundir: há uma outra classificação que explica que beber mais de três doses para mulheres e mais do que quatro para homens em uma única ocasião sinaliza um padrão abusivo de consumo (que em inglês se chama de binge drinking).
É importante falar de consumo abusivo porque esse é o jeito de beber que mais traz riscos para a saúde e para a sociedade. A pessoa que bebe demais em um curto espaço de tempo pode ficar mais agressiva, violenta, se cuidar menos, enxergar menos riscos e colocar outras pessoas em situações perigosas.
Por último, a gente convida você a participar de uma experiência digital, chamada Na Contramão, que inclui um pequeno questionário e a interação com histórias reais de pessoas que tiveram a vida afetada pelo problema de misturar bebida e direção. É uma iniciativa inédita que já está rodando em 16 países.
Ajude a fazer a diferença, e complete o Na Contramão no site https://drinkdriving.drinkiq.com/. Marque seus colegas, e compartilhe com amigos ou familiares.
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