Minha filha joga sem parar e não sai de casa; é depressão?

Seguidor conta que a filha adolescente passa o dia jogando videogame e só sai de casa para ir à escola

Redação Publicado em 23/08/2022, às 21h00

Para ser considerado "gaming disorder", o ato de jogar deve interferir em outras áreas da vida - Arte

“Doutor, minha filha adolescente joga videogame sem parar e sai de casa só para ir à escola. Será que está deprimida?”

Os jovens gostam muito dos jogos eletrônicos e muitos passam boa parte do dia – se não ele inteiro – na frente das telas. Por isso, vale entender o que diferencia um uso recreativo de um padrão compulsivo (gaming disorder).

Vale lembrar que esses jogos disponíveis no mercado são extremamente cativantes, chamam a atenção e envolvem muitas crianças e adolescentes, construindo um espaço de reunião com seus pares e se transformando em uma parte importante da vida deles. 

Se esse padrão de uso se tornar muito frequente, a ponto de atrapalhar outras áreas da vida do jovem, pode ser um caso de “gaming disorder” ou “transtorno dos jogos eletrônicos”. Entenda a seguir.

O que é “gaming disorder”?

Gaming disorder, ou Transtorno dos Jogos Eletrônicos, é definido como um padrão de dependência que afeta pessoas que ficam muito tempo on-line, principalmente jogando.

Desde janeiro de 2022, a condição passou a ser classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma nova categoria de diagnóstico na 11ª edição do documento International Classification of Diseases – conhecido em português como Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde ou pela sigla CID11

Para ter o diagnóstico do transtorno, o indivíduo precisa enfrentar a questão do jogo excessivo por, pelo menos, 12 meses, além do padrão de uso de jogo estar interferindo em outras áreas da vida, como em qualquer outra dependência: prejuízos no trabalho, na escola, na alimentação, no sono, nas relações sociais e afetivas e na qualidade de vida. Ou seja, a pessoa deixa de fazer outras coisas por causa do jogo. 

Quando não joga, a pessoa pode apresentar alteração de comportamento devido à abstinência, podendo sentir-se mal, ansiosa, tensa, mal humorada e agressiva, por exemplo.  São esses sinais que indicam um quadro de dependência, de exagero e de descontrole do impulso, que resulta em uma pessoa jogando mais do que deveria.

Será que é depressão?

Qualquer padrão de dependência e de uso exagerado de jogos eletrônicos pode levar a um quadro de depressão ou de ansiedade. E o contrário também pode acontecer. Às vezes, o jovem está ansioso ou deprimido e tenta compensar essas emoções negativas em alguns comportamentos de forma mais compulsiva, como o jogar.

Confira:

Sintomas de depressão

A depressão pode prejudicar muito a qualidade de vida de uma pessoa. E o pior é que muita gente não leva os sintomas a sério, achando que eles são sinais de fraqueza, preguiça ou covardia. Mas não são. Conheça os principais sintomas associados à depressão:

Os manuais de diagnóstico sugerem que esses sintomas devam estar presentes a maior parte do dia, por no mínimo duas semanas. Claro que uma pessoa de luto pode passar mais tempo com o humor deprimido, mas se os sintomas não melhoram depois de algum tempo, é provável que a depressão tenha se instalado.

O que fazer?

É importante que pais e responsáveis conversem com o jovem, perguntando o que ele sente. Eventualmente, consultar um profissional de saúde mental para que possa ser feito um diagnóstico mais preciso. 

De qualquer forma, mesmo não sendo caso de depressão, é possível observar que esse padrão de uso dos jogos eletrônicos está atrapalhando aspectos da vida e seria fundamental rever esse comportamento. Se outros sintomas aparecerem, como desânimo, falta de vontade e de prazer nas atividades ou falta de apetite e de sono, também podem indicar a existência de depressão.   

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