Redação Publicado em 29/07/2022, às 18h00
“Doutor, minha namorada de 16 anos ‘assalta’ o bar da casa dela quando os pais saem. Ela chega a tomar até duas doses de destilado e diz que fica superbem. O que eu falo?”
Antes de qualquer coisa, é importante enfatizar para a pessoa que não é legal beber antes dos 18 anos de idade. Além disso, vários estudos já mostraram que quem consome bebidas alcoólicas sozinho na adolescência e no começo da vida adulta tem uma chance muito maior de ter problemas com o álcool a partir dos 35 anos.
O ideal, portanto, é tentar conversar e explicar esses dois pontos essenciais que podem influenciar diretamente a saúde.
@jairobouer "Minha namorada bebe escondida" 🍸#DoseDeResponsabilidade♬ som original - jairobouer
A restrição legal para a compra e consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade no Brasil, e em tantos outros países, tem uma razão de ser. Além de ser uma tentativa de proteger os adolescentes contra o que pode vir a se tornar um consumo nocivo de álcool, existe uma série de questões físicas e emocionais por trás desse risco.
Do ponto de vista biológico, o cérebro passa por uma série de transformações nesse momento da vida. Os neurônios estão se organizando e reorganizando o tempo inteiro. Se o consumo de álcool entra nessa fase, eles podem modular algumas respostas que se traduzem da seguinte forma: “toda vez que eu bebo eu tenho uma sensação boa; então, para ter uma sensação boa, eu tenho que beber de novo”.
Esse tipo de associação pode fazer com que o consumo se torne abusivo – o jovem começa a beber com muita frequência ou em grandes quantidades.
Confira:
Do ponto de vista emocional, a gente sabe que o adolescente está passando por uma série de mudanças. Tem questões de insegurança, de autoestima, necessidade de aceitação pelos outros e pelo grupo e há uma tentativa de se diferenciar do sistema de valores aprendido em casa para descobrir os seus próprios significados. Nesse momento, o jovem pode entender que, para fazer parte do grupo ou ser aceito e se sentir melhor, é preciso beber.
Por isso, a ideia por trás dessa proibição é proteger o desenvolvimento físico e emocional dos adolescentes e evitar que desenvolvam um padrão de consumo problemático. Então, o ideal é que o jovem comece a beber sempre depois dos 18 anos, o que também vale para outras drogas.
Existe uma coisa chamada “dose padrão”, que é uma equivalência entre os diferentes tipos de bebida. Uma latinha de cerveja (330 ml) tem, mais ou menos, a mesma quantidade de álcool que uma taça de vinho (120 ml) que, por sua vez, tem a mesma quantidade de álcool que uma dose de 30 a 40 ml de destilado.
Segundo a Organização da Saúde (OMS), em uma única ocasião, os homens podem beber até quatro doses e as mulheres até três doses seguidas. Se consumir mais do que essa quantidade, a pessoa está fazendo um abuso, o que chamamos de “binge drinking”, que é beber muito álcool em um curto intervalo de tempo.
Apesar disso, o ideal é que, se possível, a pessoa beba uma dose em cada ocasião. Assim, tomar uma taça de vinho já é o suficiente e considerado um consumo moderado.
Vale lembrar que a cada dose padrão o nosso organismo leva, em média, uma hora para metabolizar, ou seja, limpar o álcool do organismo.
Assim, se um indivíduo bebe três ou quatro doses em apenas uma hora, ele ainda estará sob os efeitos da bebida por mais quatro ou cinco horas. É importante lembrar:
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