Oscilações de humor: quando é sinal de doença?

Jairo Bouer realizou uma live em conjunto com a Pós-PUCPR Digital sobre ansiedade, depressão e cansaço. O papo foi mediado pelo coordenador de produção Matheus Pannerbecker e abordou diversos tópicos importantes sobre o tema. 

Uma das perguntas que surgiu durante a transmissão foi: “quando as oscilações de humor podem ser um sinal de doença?”. Segundo o psiquiatra, apresentar variações das emoções é considerado totalmente comum:

Oscilar é absolutamente normal. Faz parte da vida. Nós temos dias melhores, piores, dias que estamos mais animados e outros que estamos mais tristes, mais dispostos ou mais cansados. Essas variações são normais. Se pensarmos no nosso humor – entendendo humor como um plano de fundo do nosso estado emocional – todo mundo tem altos e baixos”, explicou. 

Jairo comentou ainda sobre uma pesquisa que testou um tipo de antidepressivo para o tratamento de uma das formas de depressão, conhecida como distimia – um quadro depressivo crônico em que os sintomas são menos intensos e, às vezes, as pessoas passam anos sem receber um diagnóstico e os outros acham que ela é apenas para baixo ou mau-humorada. Mas, na verdade, existe uma depressão, apesar de ser de menor intensidade.   

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Nesse estudo também havia o grupo controle formado pelos “eutímicos” (aqueles com o humor dentro dessas oscilações normais). Quando estes foram submetidos ao uso do mesmo tipo de placebo ou de antidepressivo, eles também relataram uma melhora global dos sintomas das variações.

Os resultados trouxeram um questionamento: “então temos que sair dando antidepressivo para toda a população?”. Mas, Jairo fez um alerta:

Os remédios para modulação de humor e da ansiedade estão entre os mais vendidos do mundo em vários países porque, talvez, seja muito mais fácil tomá-los do que tentar entender o que está acontecendo e ter um pouco mais de tolerância com as nossas oscilações”, comentou. 

Então, quando é um sinal de alerta?

Como foi dito, oscilar é normal e faz parte da essência do ser humano. Porém, se essas variações ficam muito radicais, com altos e baixos extremamente intensos ou a pessoa cristaliza em uma das extremidades da escala de humor – depressão ou mania (período de humor exaltado, com excesso de energia, euforia e agitação) – é importante buscar ajuda.

Descontando essa estabilização em um dos dois polos ou oscilações muito abruptas, a maior parte das pessoas vai oscilar mesmo, e tudo bem. Quando percebemos isso, ficamos um pouco mais tranquilos, talvez faça a gente se cobrar menos e entender o que nos faria ter menores variações, ou seja, ficarmos menos ansiosos, tristes ou angustiados”, finalizou Jairo.