Jairo Bouer Publicado em 17/04/2021, às 13h00
A restrição legal para a compra e consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade no Brasil, e em tantos outros países, tem uma razão de ser. É uma tentativa de proteger os adolescentes contra o que pode vir a se tornar um consumo complicado, nocivo, ou problemático de álcool. E existe uma série de questões físicas e emocionais por trás desse risco.
Do ponto de vista biológico, o cérebro passa por uma série de transformações nesse momento da vida. Os neurônios estão se organizando e reorganizando o tempo inteiro. Se o consumo de álcool entra nessa fase, eles podem modular algumas respostas que se traduzem da seguinte forma: “toda vez que eu bebo, eu tenho uma sensação boa; então, para ter uma sensação boa, eu tenho que beber de novo”. Esse tipo de associação pode fazer com que o consumo se torne abusivo – o jovem começa a beber com muita frequência ou em grandes quantidades, o que só traz riscos para a sua vida.
Do ponto de vista emocional, a gente sabe que o adolescente está passando por uma série de mudanças. Tem questões de insegurança, de autoestima, necessidade de aceitação pelos outros e pelo grupo, e há uma tentativa de se diferenciar do sistema de valores aprendidos em casa para descobrir os seus próprios significados, o seu próprio sentido na vida. Nesse momento, o jovem pode entender que para fazer parte do grupo, ou ser aceito e se sentir melhor, é preciso beber.
Vocês percebem como essas associações podem ser perigosas para a vida e para o futuro emocional dos mais jovens? Por isso, a ideia por trás dessa proibição é proteger o desenvolvimento físico e emocional dos adolescentes e evitar que eles desenvolvam um padrão de consumo problemático. Então o ideal é que o jovem comece a beber sempre depois dos 18 anos, o que também vale para outras drogas.