Jairo Bouer explica que a exposição excessiva faz com que haja uma preocupação maior com a aparência
Redação Publicado em 23/06/2021, às 20h00
Doutor, por que as pessoas colocam tantos filtros nas imagens de redes sociais? Algumas a gente nem reconhece...
Essa questão da exposição das redes sociais faz com que muita gente se preocupe de forma exagerada com a aparência. Assim, acabam usando os filtros e outros retoques fornecidos pelas plataformas.
Desde que a pessoa entenda que ela está fazendo o uso de um filtro e não “viaje" na transformação que ele aparenta proporcionar e na imagem que ele cria, não há maiores problemas em usá-lo.
Estudos têm sugerido que transtornos de imagem corporal, como a dismorfia corporal, e que levam a comportamentos alimentares desordenados, como anorexia e bulimia, podem ter se tornado mais frequentes com o advento das redes sociais. Também há indícios que a comparação constante gerada pelas plataformas tenha deixado jovens mais perfeccionistas.
Além disso, outra pesquisa mostrou como o isolamento social, e o fato de as pessoas estarem mais atentas ao próprio rosto ao se comunicar por vídeo, fez a procura por cirurgia plástica aumentar no Reino Unido e em outros países.
O transtorno dismórfico corporal (TDC) é caracterizado por uma preocupação com pequenas falhas ou defeitos que, apesar de imperceptíveis para outras pessoas, causa enorme sofrimento para quem tem o diagnóstico.
Segundo a fundação Body Dysmorphic Disorder Foundation, o quadro atinge 2% da população mundial, 4,1 milhões só no Brasil, e encontra nas redes sociais um terreno extremamente fértil para crescer. Ele costuma ter início na adolescência e, no Ocidente, afeta homens e mulheres igualmente.
Também chamado de dismorfia corporal, o transtorno está longe de ser uma manifestação de vaidade. Pelo contrário, essas pessoas tendem a se achar feias por causa das imperfeições que julgam ter. Algumas até deixam de sair de casa por isso ou passam a evitar situações específicas – como locais com muita luz, por exemplo.
Outra característica comum é a tentativa de camuflar o suposto defeito com roupas ou maquiagens pesadas, além de se submeter a sucessivos tratamentos cosméticos desnecessários que não trazem a satisfação esperada.
Confira:
Além da vergonha de se expor e da tentativa constante de mudar de aparência, pessoas com o transtorno podem repetir determinados comportamentos durante parte considerável do dia, como:
- Olhar-se no espelho ou em qualquer superfície reflexiva;
- Sentir a pele com os dedos;
- Cortar ou pentear o cabelo para deixá-lo "perfeito";
- Escoriar a pele para tentar eliminar qualquer irregularidade;
- Comparar-se com modelos na mídia ou com pessoas na rua;
- Discutir sua aparência com outras pessoas.
Esses comportamentos chegam a atrapalhar as atividades diárias da pessoa, como o estudo ou o trabalho, além de afetar os relacionamentos.
Muitas vezes, o transtorno acompanha sintomas de ansiedade ou depressão. Um estudo, inclusive, alerta que 80% das pessoas diagnosticadas com o TDC sofrem de ideação suicida.
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