Seguidor pergunta se é seguro ter um consumo consciente de álcool na adolescência
Redação Publicado em 23/12/2021, às 18h00
“Doutor, tenho 14 anos. Tem algum problema em beber moderadamente?”
O ideal é que o jovem não beba antes dos 18 anos para evitar comportamentos de risco ou prejuízos à saúde, bem como a migração para padrões mais nocivos do consumo de álcool.
A restrição legal para a compra e consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade no Brasil, e em tantos outros países, tem uma razão de ser. Além de ser uma tentativa de proteger os adolescentes contra o que pode vir a se tornar um consumo nocivo de álcool, existe uma série de questões físicas e emocionais por trás desse risco.
Do ponto de vista biológico, o cérebro passa por uma série de transformações nesse momento da vida. Os neurônios estão se organizando e reorganizando o tempo inteiro. Se o consumo de álcool entra nessa fase, eles podem modular algumas respostas que se traduzem da seguinte forma: “toda vez que eu bebo, eu tenho uma sensação boa; então, para ter uma sensação boa, eu tenho que beber de novo”.
Esse tipo de associação pode fazer com que o consumo se torne abusivo – o jovem começa a beber com muita frequência ou em grandes quantidades, o que só traz riscos para a sua vida.
Confira:
Do ponto de vista emocional, a gente sabe que o adolescente está passando por uma série de mudanças. Tem questões de insegurança, de autoestima, necessidade de aceitação pelos outros e pelo grupo, e há uma tentativa de se diferenciar do sistema de valores aprendidos em casa para descobrir os seus próprios significados, o seu próprio sentido na vida. Nesse momento, o jovem pode entender que para fazer parte do grupo ou ser aceito e se sentir melhor, é preciso beber.
Por isso, a ideia por trás dessa proibição é proteger o desenvolvimento físico e emocional dos adolescentes e evitar que eles desenvolvam um padrão de consumo problemático. Então, o ideal é que o jovem comece a beber sempre depois dos 18 anos, o que também vale para outras drogas.
Esse conceito varia um pouco de país para país, mas, no Brasil, é comum considerarmos que beber com moderação é ingerir no máximo uma dose (no caso da mulher) ou duas doses (no caso do homem) de bebida por dia. As mulheres são mais vulneráveis aos efeitos do álcool do que os homens devido a diferenças na composição biológica entre os gêneros.
Uma dose é o equivalente a 14 gramas de álcool puro, ou seja: 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado (como vodca, cachaça, uísque, gim ou tequila).
É bom lembrar, contudo, que não existe consumo seguro de álcool, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mesmo o consumo moderado pode causar problemas de saúde.
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