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Prevenção ao tráfico humano: o que pode ser feito?

O modo operante do tráfico humano é conduzido por meio do aliciamento - iStock
O modo operante do tráfico humano é conduzido por meio do aliciamento - iStock

Redação Publicado em 26/07/2021, às 17h23

Recentemente, Jairo Bouer fez uma live com Danny Boggione, criadora do canal “Sobrevivendo na Turquia”, para falar sobre o tráfico humano. Durante o bate-papo, foram abordados diversos assuntos relacionados ao tema.

Entretanto, tão importante quanto falar sobre quem são as pessoas mais vulneráveis e onde geralmente acontece esse tipo de crime, é fornecer informações de qualidade e desenvolver estratégias capazes de evitar que mais vítimas sejam feitas. 

Vale lembrar que, diferente da imagem que muitas pessoas têm sobre o tráfico humano, com a ideia de que ele é feito com pessoas acorrentadas em um frigorífico, capturadas no meio da rua ou no aeroporto, colocadas em sacos e despejadas em um galpão, o modo operante do tráfico humano é conduzido por meio do aliciamento, especialmente de mulheres, que se encontram em uma situação de vulnerabilidade extrema. 

Os perfis são comuns

Segundo Jairo, as formas de aliciamento variam muito, mas há padrões. No caso das mulheres mais velhas, de 40 a 50 anos, por exemplo, normalmente divorciadas, em um estado de carência, há uma fantasia de conseguir um relacionamento bacana, de deixar tudo para trás e tentar a vida em outro país. 

“Já as meninas adolescentes veem como uma chance de ruptura com o mundinho delas. A gente vê, muitas vezes, esse comportamento disruptivo dos jovens, ou seja, o querer se dar bem, achar o seu próprio caminho, dizer que está cansado de escutar falarem o que deve ou não fazer. Entretanto, elas têm uma ingenuidade e inocência enormes, que as leva a cair em um golpe desse. Os criminosos são muito bem articulados, eles sabem qual é a fragilidade e a fraqueza de cada uma”, completa o psiquiatra. 

Informação é o melhor caminho

Existem iniciativas capazes conscientizar, alertar e evitar que o tráfico humano continue fazendo vítimas mundo a fora.De acordo com Danny, uma das alternativas é trazer o assunto para dentro das escolas, com palestras semestrais, por exemplo:

“Fazer algo mais lúdico para todos entenderem, desde as crianças até os adolescentes do ensino médio. Tem que ter essa informação de maneira consistente, sistemática e na sala de aula”, enfatiza. 

Confira:

Para Jairo, da mesma forma que as crianças recebem educação ambiental, sexual e sobre o uso de drogas e álcool, também seria fundamental educar sobre o uso das mídias digitais: 

“A criança, desde muito cedo, já começa a usar eletrônicos. Então, é importante acompanhar, educar para o digital e sobre os possíveis riscos. Se a gente começa a fazer isso na infância, talvez, quando chegar na adolescência, ela esteja mais esperta para não cair em nenhuma situação de tráfico humano ou qualquer outro tipo de golpe”.

As pessoas mais velhas também estão incluídas nisso. Segundo o psiquiatra, a parcela da população que não é nativa digital e viu a internet surgir há cerca de 10 a 15 anos, ainda apresenta dificuldades em separar o que é ou não real, o que pode ou não pode. Assim, também seria benéfico promover essa educação digital.  

Está vulnerável? Redobre a atenção

Muita gente utiliza as redes sociais para conhecer novas pessoas e não há nenhum problema nisso. Inclusive, em um mundo praticamente dominado pela tecnologia e pelas redes sociais, a tendência é que essa prática permaneça e cresça. 

Entretanto, como outras coisas na vida, se há um lado positivo, também pode existir um lado de risco. Assim, Jairo Bouer alerta que é necessário estar sempre atenta e desconfiar de qualquer aproximação suspeita:

“Se vocês se sentirem minimamente vulneráveis, sentirem-se inseguras com alguma aproximação pela internet, rede social, jogos online, aplicativos ou qualquer outra plataforma, prestem atenção nessa desconfiança e conversem com alguém. Porque, na hora que conversamos, a gente começa a enxergar a questão de outro ângulo e ter uma chance de perceber algum risco e problema”, explica.