Eu recebo centenas de dúvidas de garotas e de mulheres todos os meses preocupadas com o risco de uma gravidez indesejada ou da exposição a uma IST (infecção sexualmente transmitidas) por terem feito sexo sem proteção adequada.
Às vezes, o casal começa a relação sem preservativo e, ao sentir que se aproxima o momento da ejaculação, coloca camisinha. Ou ainda, a primeira relação é feita com proteção, mas se rolar uma segunda ou terceira vez em seguida, a proteção é deixada de lado.
E, claro, tem os casais que abrem mão da camisinha porque estão em uma relação estável, ou já se conhecem e confiam um no outro ou porque já usam algum método contraceptivo.
Como você já percebeu, há inúmeros motivos pelos quais o casal deixa de se proteger ou não se protege totalmente no sexo.
A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, uma parceria do Ministério da Saúde com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com mais de 100 mil entrevistados, mostra que menos de um quarto usou camisinha em todas as sua relações sexuais, e 60% não usaram preservativo nenhuma vez no ano anterior à pesquisa. Quanto mais velha a faixa da população, menor foi o uso de proteção.
Mais de 40 anos de campanhas de prevenção contra o HIV e outras ISTs mostraram que a camisinha não se encaixa na vida de todas as pessoas.
Por isso, no caso da prevenção de uma gravidez indesejada, existem alternativas como métodos contraceptivos hormonais e não hormonais, e nos casos de emergência, a pílula do dia seguinte.
No caso das ISTs, é importante lembrar que para prevenir hepatites A e B e a infecção pelo HPV, há vacinas altamente eficazes. Rastreamento das ISTs com testagens periódicas e tratamento das pessoas que se infectaram e dos seus contactantes, além da profilaxia pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP) exposição ao vírus HIV, são algumas alternativas.
Claro, que para quem usa camisinha de forma regular e se sente confortável com o método, elas são superindicadas. Já para quem tem dificuldade de manter a adesão ao preservativo, é importante discutir com o ginecologista e demais profissionais de saúde todas as alternativas disponíveis.
Lembre-se que muitas ISTs podem não causar nenhum sintoma nas mulheres ou apresentar sintomas muito discretos. Mas o micro-organismo está lá, trazendo riscos para a saúde e podendo ser transmitido para os parceiros.
Lembrete final: quando o assunto é sexualidade, você não tem que ter vergonha de dividir suas dúvidas e preocupações com seu ginecologista.
Ficou com mais alguma questão? Se ficou, escreve para a gente (aqui pelo site ou pelo meu Instagram) e lembre-se: procure um ginecologista com quem você se sinta confortável, tendo todo o suporte necessário, sem julgamentos, e com o máximo de acolhimento. Certo? Boa sorte!
Conteúdo produzido em parceria com a Oya Care
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Dr. Jairo Bouer
Médico psiquiatra com formação na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), biólogo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e mestre em evolução humana e comportamento pela University College London, além de palestrante e escritor. Twitter: @JairoBouerDr