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Sexo não será mais o mesmo após a pandemia?

Muitos acabam preferindo o sexo virtual por ser mais barato, acessível e privativo - iStock
Muitos acabam preferindo o sexo virtual por ser mais barato, acessível e privativo - iStock

Redação Publicado em 28/05/2021, às 14h00

Não é novidade que a tecnologia vem ganhando cada vez mais espaço - e com os relacionamentos não é diferente. Antes mesmo do início da pandemia de Covid-19 as pessoas já usavam aplicativos para achar uma parceria, mas normalmente com o objetivo final de encontrar a outra pessoa “ao vivo e em cores”. 

Porém, com a chegada do coronavírus e as medidas de isolamento, essa realidade virou de ponta cabeça e muitas pessoas estão vivendo mais no universo virtual do que no real. Durante uma live com a psiquiatra Carmita Abdo, Jairo Bouer revelou que recebeu a seguinte mensagem de um seguidor: 

“Doutor, não tenho sentido muito prazer no sexo em si, mas o virtual me excita cada vez mais. Será que depois da pandemia vou conseguir voltar a ser o que eu era?”

A especialista explicou que essa situação é algo que tem acontecido bastante: “Pessoas que já tem predisposição em se acostumarem com alguma coisa na vida começam a praticar o sexo virtual e percebem que é mais barato, acessível, privativo e não necessita gastar muita energia. Além disso, você mesmo faz a sua excitação, sem precisar conquistar com outra pessoa”. 

Quebra de expectativas

Muitas pessoas acabam achando que vale mais a pena optar pelo sexo através da tela e, até mesmo, dizem sentir mais satisfação. Entretanto, Carmita alerta que quem tem facilidade em aderir esse tipo de relação sexual terá muito mais dificuldade para voltar à forma presencial. 

“Alguns homens não conseguem ter ereção durante o ato sexual depois de viverem muitas relações virtuais sucessivas, porque o estímulo é diferente. Além disso, os modelos das telas são exuberantes, têm performances maravilhosas e quem consome consegue escolher o tipo que mais lhe agrada. Mas na vida real não é bem assim”. 

Como no sexo virtual é possível ter uma relação adequada às suas expectativas, acaba-se preferindo as telas - e é aí que mora o perigo. Ao ter acesso e olhar toda a produção do material erótico, a pessoa começa a achar que nunca terá tal performance ou “um pênis daquele tamanho”.

Por essas e outras razões, Carmita enfatiza a importância do diálogo. “A gente sempre recomenda que, principalmente os mais jovens, procurem trocar uma ideia sobre o que eles veem nos materiais eróticos com alguém próximo. O que precisamos mesmo é de pessoas mais bem resolvidas sexualmente para que elas possam orientar aqueles que ainda estão se desenvolvendo”.

Confira:

Cuidado com o exagero

Uma das grandes preocupações relacionadas ao consumo de material erótico é o excesso, especialmente entre os adolescentes. Os vídeos pornô não são exatamente a tradução literal da realidade, e sim um exagero. Segundo Jairo, é importante lembrar que são produções repletas de edição: 

“Muitos jovens chegam ao consultório com uma expectativa enorme sobre o que vai ser a primeira vez, e as chances deles se frustrarem é praticamente 100%, já que acham que conseguirão reproduzir alguma cena que assistiram no filme pornô. O problema é que a vida real é bem diferente”. 

Jairo comenta ainda que, apesar do fato de consumir material erótico ser algo natural e muito mais acessível hoje em dia do que antigamente, é preciso tomar muito cuidado com o exagero para evitar problemas.