Redação Publicado em 12/07/2022, às 21h00
“Doutor, ataco a geladeira durante a noite. Em algumas situações, como várias vezes de madrugada e passo o dia seguinte com sono por não ter dormido direito. O que fazer?”
Provavelmente esse comportamento caracteriza o que chamamos de “Síndrome do comer noturno”, um transtorno alimentar em que a pessoa tem muita fome na parte da noite.
Isso faz com que ela sinta vontade de comer novamente algumas horas depois de jantar ou, até mesmo, durante a madrugada. O indivíduo acorda e precisa ir até a cozinhaabrir a geladeira para comer alguma coisa.
Diferente da bulimia, por exemplo, em que há um descontrole alimentar e a pessoa precisa comer muita comida em um curto intervalo de tempo, aqueles que sofrem da síndrome do comer noturno, em geral, não comem muito, mas sentem necessidade de ingerir algum alimento.
Nessa situação podem aparecer alguns problemas, como a pessoa começar a relacionar o bem-estar e o controle da ansiedade com a necessidade de comer durante a noite, o que a leva a acordar uma ou várias vezes para comer.
Isso impacta diretamente a qualidade de sono, fazendo com que a pessoa não durma bem e, no dia seguinte, esteja cansada, estressada e com dificuldade de concentração. Em longo prazo esse comportamento pode levar a um quadro de estresse crônico, maior dificuldade no controle de peso, ansiedade e depressão.
Confira:
O transtorno alimentar interfere em diversas áreas da vida: sono, relações sociais e capacidade de produzir no trabalho e nos estudos. Por isso, é muito importante buscar tratamento.
Para se caracterizar como síndrome do comer noturno, o hábito de comer de madrugada precisa estar presente na maior parte dos dias e durante, pelo menos, alguns meses. O especialista irá avaliar, diagnosticar e pensar na melhor estratégia de tratamento que, normalmente, envolve terapia e o uso de medicamentos .
Várias pesquisas apontam que a síndrome do comer noturno é provocada por um atraso no ritmo circadiano, ou relógio biológico do corpo, responsável por controlar as fases do sono e a liberação de alguns hormônios, como o cortisol e outros relacionados ao apetite, por exemplo.
Assim, a pessoa sofre com um atraso nesse sistema e passa a ter muito mais fome à noite do que de dia. Outro dado interessante é que, diferente do sonambulismo, o indivíduo com a síndrome tem plena consciência do que está acontecendo e, muitas vezes, se sente envergonhado e frustrado por não conseguir controlar esse hábito. Se isso está acontecendo e está impactando a qualidade de vida e o bem-estar, é importante procurar a orientação de um profissional de saúde mental.