As possibilidades vão muito além das três classificações de orientação sexual
Redação Publicado em 14/04/2021, às 16h22
Doutor, se um homem teve uma única ou poucas experiências com outro homem, isso o faz gay?
Essa pergunta abre uma discussão complexa, mas muito interessante. Primeiramente, para os profissionais de saúde, para aqueles que lidam com epidemiologia ou com saúde pública, a classificação de “homens gays” ou “bissexuais” não é utilizada. Nesse caso, o termo usado é “homens que fazem sexo com homens”, representado pela sigla HSH.
Ao adotar o termo “HSH”, é aberto um caminho para várias classificações possíveis: homens gays que transam exclusivamente com homens, bissexuais, que mantém relações sexuais com pessoas do sexo masculino e femino, e aqueles que se consideram heterossexuais, mas que já tiveram, ou às vezes vivenciam, experiências com outro homem.
Essa classificação, do ponto de vista da saúde, é muito importante por englobar um grupo amplo que pode estar se expondo a um determinado tipo de comportamento, risco ou relacionamento.
Ao analisarmos a questão do ponto de vista individual, por que é tão importante para as pessoas tentar se encaixar em uma classificação? Para muitos existe apenas três categorias possíveis:
1- Heterosexual: mantém relações sexuais apenas com o sexo oposto
2- Homossexual: mantém relações sexuais apenas com o mesmo sexo
3- Bissexuais: mantém relações sexuais com pessoas de ambos os sexos
Entretanto, há muitos anos os especialistas mostram que a questão das experiências sexuais se assemelha muito mais a um gráfico - com várias possibilidades no meio do caminho - do que com três caixas distantes e isoladas umas das outras.
Na verdade, o que existe é um contínuo, uma gradação. Existe o indivíduo que nunca teve e nem quer ter uma experiência com alguém do mesmo sexo, em outro extremo tem aquele que só teve experiências com pessoas do mesmo sexo e, no meio do caminho, há os bissexuais. No meio dessas definições há inúmeras alternativas.
O mais importante é como a pessoa se sente. Um homem, por exemplo, pode se classificar como heterosexual e já ter se relacionado no passado ou ter relações ocasionais com outro homem. Isso não quer dizer que ele seja homossexual ou bissexual, e também não significa que seja exclusivamente heterossexual. Enfim, nesse caso, talvez ele esteja nessa gradação.
Ao invés de ficar pensando em qual classificação se enquadra, se é isso ou aquilo, o ideal é estar bem consigo mesmo, não fazer mal e não enganar ninguém, e poder viver a vida afetiva e sexual da maneira que se sente mais confortável e melhor.
Além disso, é fundamental lembrar que essas questões de orientação sexual, ou seja, para onde o desejo aponta, podem mudar ao longo da vida ou em algumas fases. Portanto, não é preciso ficar preocupado em colocar as pessoas em caixinhas. Elas não cabem nessas caixinhas, são complexas, tem possibilidades e caminhos.
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