Não é mais preciso estar vinculado a um serviço de saúde para adquirir a profilaxia pré-exposição
Pedro Campana Publicado em 09/08/2021, às 13h50
Quando falamos de prevenção de HIV e outras ISTs, esbarramos atualmente no conceito de prevenção combinada. Sabemos que a associação de medidas de prevenção leva a um maior sucesso nesse sentido. Dessa forma, desde 2017 o SUS adota a prevenção combinada para combater a transmissão do HIV.
Entre inúmeras medidas, tais como testagens regulares, uso de preservativos, vacinação, tratamento e diagnóstico precoce da infecção pelo HIV, o artifício mais falado quando tratamos de prevenção combinada é a profilaxia pré-exposição, popularmente conhecida como PrEP. A novidade, agora, é que médicos particulares poderão receitar os medicamentos no SUS e isso é muito bom.
Para quem ainda não conhece, utilizar PrEP significa tomar 1 comprimido de medicação antirretroviral ao dia para se prevenir da infecção pelo HIV. O comprimido contém duas medicações: o tenofovir e a emtracitabina, medicações utilizadas no tratamento de pessoas que vivem com HIV há um bom tempo. São medicações seguras, porém que requerem acompanhamento médico regular devido a possíveis efeitos colaterais.
Desde 2018, a PrEP é fornecida pelo SUS para pessoas com maior vulnerabilidade à aquisição do HIV. As populações contempladas pelo programa são homens que fazem sexo com homens com uso inconscistente do preservativo ou episódios recorrentes de infecções sexualmente transmissíveis, pessoas transgênero, profissionais do sexo e parceiros sorodiferentes, ou seja, quando uma pessoa vive com HIV e a outra não. Para utilizar a PrEP, então, as pessoas precisavam ser vinculadas ao SUS, com consultas médicas regulares e dispensação de medicação.
A partir de agora, não há mais necessidade de estar vinculado a um serviço de saúde para a aquisição da PrEP. Caso você queira passar por um médico particular para fazer seu acompanhamento, basta você realizar um cadastro em uma unidade de saúde que dispense a medicação com os formulários que seu médico preencher. Para a dispensação da medicação, você deve ter um teste de HIV (sorologia ou teste rápido) negativo de no máximo 7 dias antes da retirada da PrEP.
É importante lembrar que trata-se de um projeto piloto do Ministério de Saúde, então nem todas as localidades estão contempladas. Atualmente, os estados que podem utilizar essa nova modalidade de atendimento são: São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Pernambuco e Amazonas.
Essa aprovação do Ministério da Saúde é muito importante para a ampliação do acesso à PrEP. Sabemos que muitas pessoas que têm condições ou têm vontade de atendimento particular recorrem ao SUS para obter a PrEP por falta de opção. Uma vez que elas acompanhem no serviço particular, teremos mais espaço para atingir a população mais vulnerável, periférica e cujo acesso à saúde é desafiador.
O avanço da prevenção combinada nas populações mais acometidas pela pandemia de HIV/aids é fundamental e certamente mudará a curva de infecções no país, assim como já observamos em algumas partes do mundo.
*Pedro Campana é médico infectologista
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