Revisão de estudos envolvendo mais de 12 mil mulheres concluiu que o risco de contrair a doença é três vezes menor entre usuárias
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h49 - Atualizado às 23h53
Uma revisão de estudos sugere que o DIU, dispositivo intrauterino utilizado como contraceptivo, pode ser útil na prevenção do câncer de colo de útero, o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres do mundo todo.
O trabalho, publicado no periódico Obstetrics & Gynecology, incluiu dados de 16 estudos observacionais considerados de boa qualidade, envolvendo mais de 12 mil mulheres dos mais diversos países.
Os autores da análise, da Universidade da Califórnia do Sul, concluíram que a incidência de câncer de colo de útero foi três vezes mais baixa entre usuárias de DIU, em comparação com não usuárias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 528 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer de colo de útero no mundo em 2012, e 266 mil morreram em decorrência da doença. Os números têm aumentado, e a estimativa é que até 2035 serão 756 mil diagnósticos por ano, com 416 mil mortes.
No Brasil, o câncer de colo de útero é o que mais afeta as mulheres depois do câncer de mama e colorretal. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 5.400 brasileiras morreram por causa dessa neoplasia em 2013.
Como observam os autores do estudo, o diagnóstico precoce do câncer em países em desenvolvimento é dificultada pela falta de acesso aos exames regulares de papanicolau. A vacina contra o HPV, que protege contra os tipos de vírus mais associados ao câncer, está disponível no sistema público, mas a adesão ainda é limitada entre as jovens.
Os pesquisadores dizem que ainda é cedo para recomendar o DIU como um preventivo para o câncer. Porém, se os dados forem confirmados, a informação pode servir de estímulo para a escolha desse método contraceptivo de longa duração.