Resultados sugerem que é preciso considerer influências hormonais na tomada de decisões em ambientes profissionais
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h49 - Atualizado às 23h53
Altos níveis de testosterona podem fazer com que operadores do mercado de ações superestimem os valores de ações futuras, causando bolhas no mercado e subsequentes colapsos. O alerta é de um novo estudo sobre a Bolsa de Wall Street, conduzido por pesquisadores das universidades Western, Oxford, Claremont e de Loma Linda, nos Estados Unidos.
O trabalho envolveu 140 jovens do sexo masculino, que receberam um gel tópico com testosterona ou placebo antes de participar de um mercado de ações experimental, em que podiam determinar valores de compra e venda, bem como comprar e vender ativos para ganhar dinheiro de verdade.
Os pesquisadores descobriram que, entre os grupos que receberam hormônio, formaram-se bolhas de preços maiores, elas duraram mais, e a percepção dos operadores em relação aos valores mudou, apesar de os números terem sido mostrados durante todo o experimento. Enquanto o grupo que recebeu placebo apresentou o comportamento de “comprar baixo para vender alto”, o da testosterona aderiram ao “comprar alto para vender mais alto”.
Para os autores, os resultados sugerem que é preciso considerer influências hormonais na tomada de decisões em ambientes profissionais, especialmente o mercado de ações, em que os homens dominam. Eles alertam que fatores biológicos podem exacerbar o risco de colapsos e, por isso, recomendam que implementar pausas no processo para controlar os ânimos.
Ainda segundo eles, a testosterona altera a forma como o cérebro calcula os valores das ações e os coloca de volta no mercado. Essa influência pode comprometer as decisões dos operadores de forma perigosa, a menos que haja sistemas para impedir que isso aconteça.