Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h49 - Atualizado às 23h53
Um estudo feito em animais revela que o cérebro fica mais sensível aos prazeres do álcool quando os níveis de estrogênio, o hormônio feminino, estão elevados. A descoberta pode ajudar a explicar a vulnerabilidade das mulheres à dependência.
Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, descobriram que os neurônios de uma região do cérebro conhecida como “centro de recompensa” disparam mais rápido em resposta ao álcool quando o estrogênio está elevado. Os dados foram publicados no periódico PLOS ONE.
Quando os circuitos de recompensa no cérebro são estimulados, há liberação de dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e, em altas doses, euforia. Quando alguém consome um chocolate, por exemplo, os neurônios dessa região disparam mais rápido. Assim, com o passar do tempo, as pessoas passam a buscar o alimento. Isso também acontece com drugas de abuso.
No trabalho, os pesquisadores utilizaram camundongos que tiveram a atividade cerebral medida por eletrodos. Eles foram expostos a álcool no período de pico de estrogênio e depois da ovulação, quando os níveis do hormônio caem. Diante do álcool, a atividade dos neurônios dobrou quando o hormônio estava no auge.
Os resultados do estudo podem significar que beber é mais prazeroso para as mulheres no período fértil, quando o hormônio feminino tem seu pico, o que poderia, em tese, levar ao consumo abusivo.
Claro que essa descoberta precisa ser confirmada em humanos, mas pode servir de alerta. Os homens sempre beberam mais, por uma questão cultural, mas isso está mudando no mundo todo. De acordo com Organização Panamericana de Saúde (Opas), nos últimos cinco anos a frequência de beber pesado periódico entre as brasileiras aumentou de 4,6% para 13%.