Estudo mostra que mulheres homossexuais ou bissexuais têm uma propensão maior a desenvolver diabetes tipo 2, e mais cedo
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h53 - Atualizado às 23h53
Um estudo financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde, nos Estados Unidos, mostra que mulheres homossexuais ou bissexuais têm uma propensão maior a desenvolver diabetes tipo 2, e mais cedo. E a explicação mais provável para isso, segundo os pesquisadores, é que essa parcela da população tende a vivenciar mais estresse por conta da discriminação.
Antes de mais nada, é preciso esclarecer que a conclusão ainda não é definitiva. Mas o estudo não é pequeno: ele envolveu 94.250 mulheres de diferentes características e etnias de todo o país, que foram acompanhadas por um período de 24 anos.
Todas as participantes tinham idades entre 24 e 44 anos no início do levantamento. Elas foram avaliadas quanto ao risco de diabetes tipo 2 a cada dois anos, entre 1989 e 2013. No final, 6.399 delas tinham desenvolvido a doença.
Do total das mulheres, 1. 267 se identificaram como lésbicas ou bissexuais. Ao longo do trabalho, esse grupo apresentou um risco 27% maior de diabetes tipo 2 em comparação com as que se declararam como heterossexuais. E no final do acompanhamento, a doença foi 22% mais frequente em lésbicas e bissexuais.
O estudo ainda mostrou que esse grupo de mulheres também foi mais propenso a desenvolver diabetes tipo 2 mais cedo que as heterossexuais – antes dos 50 anos, sendo que um dos fatores de risco mais associados à tendência foi o Índice de Massa Corporal (IMC) elevado.
Os resultados foram analisados por uma equipe da Universidade Estadual de San Diego e publicados este mês no periódico Diabetes Care. Os pesquisadores foram coordenados pela professora da área de epidemiologia Heather Corliss, que há muitos anos estuda questões de saúde ligadas a orientação e identidade sexual.
Embora outros trabalhos parecidos tenham trazido resultados inconclusivos em relação ao diabetes, há evidências de que lésbicas e bissexuais sejam mais propensas a fatores de risco como uso de álcool e tabaco, obesidade e depressão. Isso porque a discriminação aumenta o estresse, que está muito associado a essas condições. Em outras palavras, preconceito também é problema de saúde pública.