Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h51 - Atualizado às 23h53
Muita gente costuma associar o uso de drogas e álcool ao sexo, por achar que uma coisa torna a outra mais interessante ou acessível. Mas a verdade é que cada pessoa reage de forma diferente a um tipo de substância, como mostra um estudo realizado pela faculdade de enfermagem da Universidade de Nova York.
Os pesquisadores entrevistaram 679 jovens adultos, de 18 a 25 anos, frequentadores de clubes noturnos e festas de música eletrônica na cidade de Nova York, para avaliar os efeitos no sexo produzidos pelo uso de álcool, maconha e ecstasy (a versão comum e também em pó, conhecida como Molly ou sais de banho). Quatro em cada dez entrevistados relataram ter utilizado os três tipos de droga.
O aumento da atração sexual foi mais associado ao consumo de álcool, seguido pelo ecstasy. Mais de seis entre dez participantes (67%) relataram sentir-se mais atraentes ao usar álcool ou ecstasy (61%), enquanto apenas um quarto (25%) sentiu o mesmo com a maconha.
A maioria dos entrevistados também relatou que o álcool (para 72% da amostra) e o ecstasy (64%) aumentaram sua atração por outras pessoas, enquanto 27% afirmaram o mesmo sobre a maconha.
Do total, 77% dos usuários de álcool e 72% dos consumidores de ecstasy sentiram maior desinibição e facilidade para buscar um parceiro sexual na balada com o uso dessas substâncias, enquanto apenas um quarto (26%) disse o mesmo sobre a maconha. Na verdade, mais de um terço dos entrevistados (36%) comentou que a maconha diminuiu sua sociabilidade.
Os resultados condizem com pesquisas anteriores sobre os efeitos sociais do consumo de álcool, que ligam a substância à diminuição da ansiedade para se relacionar com os outros e ao aumento da autoaceitação. O ecstasy, que tem fama de “droga do amor”, também foi associado ao aumento da intensidade da interação sexual, o que também já era esperado pelos pesquisadores.
Entre os homens, a disfunção sexual foi mais frequente com o uso de álcool ou de ecstasy, enquanto que, para a maioria das mulheres, a maconha atrapalha o orgasmo, apesar de aumentar a sensibilidade ao contato íntimo.
Os pesquisadores esclarecem que, apesar de aumentar o desejo e a disponibilidade para o sexo, essas substâncias entorpecem o corpo, o que muitas vezes acaba atrasando ou impedindo o clímax.
O arrependimento depois da transa foi mais comum após o uso do álcool – quase 31% já tinham passado por isso, em comparação com 13% dos que consumiram ecstasy e 7% dos usuários de maconha. Os dados saíram na revista revista Psychology and Sexuality.
Os autores esclarecem que o estudo tem algumas limitações, como o fato de não ter levado em conta as quantidades consumidas, nem outras substâncias eventualmente utilizadas pelos jovens, como medicamentos para ereção. Mas trabalhos como este são importantes para lembrar que as drogas interferem na tomada de decisões e podem fazer muita gente se descuidar do uso de preservativo.