Experimento mostra que homens com doses mais altas do hormônio deram preferência a artigos de grife e de luxo
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h54 - Atualizado às 23h53
Já se sabe que níveis mais altos de testosterona podem interferir em diversos aspectos do comportamento masculino, da agressividade à tendência a fazer investimentos de risco. Segundo um novo estudo, publicado na Nature Communications, a quantidade de hormônio ainda pode explicar por que certos homens adoram artigos de luxo e grifes famosas.
A conclusão é de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), do Laboratório ZRT e da Universidade da Pensilvânia e, nos Estados Unidos, com participação da Universidade de Western Ontario, no Canadá.
A pesquisa envolveu 243 voluntários de 18 a 55 anos, selecionados aleatoriamente para receber uma dose de gel de testosterona ou de gel com placebo. Depois de quatro horas, eles foram submetidos a exames para detectar se os níveis de testosterona já tinham atingido o pico, e então passaram por diferentes testes para avaliar mercadorias ou anúncios de diferentes produtos.
Os resultados mostraram que os homens que receberam a dose de testosterona demonstraram uma preferência mais forte por marcas de luxo e artigos que evocam poder do que os participantes que receberam o placebo.
De acordo com cientistas, a testosterona está associada a comportamentos de busca e de manutenção de status. No reino animal, isso é feito por meio da agressividade – um primata ataca o outro para mostrar quem é o dono do pedaço, por exemplo. Já entre os homens, essas manifestações também ocorrem, mas podem ser substituídas por atitudes mais civilizadas, digamos assim, como o consumo.
Um dos autores, o professor de comportamento econômico da Caltech Colin Camerer, chega a comparar o dinheiro gasto em carros e roupas de marcas sofisticadas como o peso da cauda de um pavão macho. Se não fosse pela necessidade de atrair fêmeas, eles teriam muito mais agilidade para correr sem tantas penas para carregar.
O mesmo raciocínio vale para os homens: ninguém precisa gastar 300 mil dólares para andar de automóvel, mas uma máquina com esse preço é um símbolo de status. Enquanto alguns tentam se exibir com penas, armas ou músculos, outros usam logotipos na camisa ou no automóvel.
Embora esse estudo tenha sido feito só com homens e a testosterona, alguns trabalhos já associaram as variações hormonais do ciclo menstrual a certos comportamentos femininos. Um deles, publicado no periódico Psychoneuroendocrinology, constatou que, no período fértil, quando o estrogênio está alto e a progesterona, baixa, elas são mais assertivas e propensas a comprar artigos voltados para o sexo, como roupas ou lingeries sensuais.