Estudo financiado pelo governo americano mostra que a vacinação não deve ser pensada apenas no contexto do sexo com penetração
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h50 - Atualizado às 23h53
Homens que nunca tiveram relações sexuais com penetração também correm risco de adquirirem o papilomavírus humano (HPV), segundo um estudo publicado no Journal of Infectious Diseases. Pesquisadores já sabiam que o o vírus é encontrado em garotas virgens, mas havia poucos trabalhos em homens na mesma condição.
O estudo, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade do Texas, incluiu 87 virgens do sexo masculino com mais de 18 anos do Brasil, do México e dos Estados Unidos. Eles foram examinados em intervalos de seis meses durante quatro anos. Alguns participantes que não fizeram sexo com penetração no período pesquisado chegaram a apresentar o vírus, embora a taxa tenha sido metade da encontrada naqueles que tiveram relações com penetração.
Entre os homens que começaram a fazer sexo com penetração, 29% contraíram o HPV em um ano, e 45,5%, em dois anos. O fato reforça a natureza altamente infecciosa do vírus, segundo os pesquisadores.
Encontrar o HPV numa população masculina virgem não foi exatamente uma surpresa para a equipe, e mostra que a vacinação não deve ser pensada apenas no contexto do sexo com penetração. Trata-se de um agente transmitido facilmente, mesmo com o contato da mão com o genital, ou entre genitais.
Muitas vezes o organismo vence sozinho o vírus. Em alguns casos, o indivíduo apresenta verrugas ou lesões na área infectada, nem sempre fáceis de serem visualizadas. E, parte das vezes, dependendo do subtipo de HPV, há risco de a lesão evoluir para câncer, não só genital, mas também no ânus, no pênis, na vagina, na boca e na garganta.
Por tudo isso é que se preconiza a vacinação de garotos e garotas de 11 e 12 anos, ou seja, antes do início dos contatos sexuais. Os autores do trabalho acrescentam que a vacina é mais eficaz quando o sistema imunológico está amadurecendo, durante a puberdade, mas a imunização ainda é eficaz até os 26 anos.
O trabalho teve financiamento do Instituto Nacional do Câncer e dos Institutos Nacionais de Saúde, nos Estados Unidos.