Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h49 - Atualizado às 23h53
Perdoar uma infidelidade não é fácil. Mas acreditar que seu parceiro ou parceira te perdoou depois de uma pulada de cerca também é difícil, segundo um estudo feito por psicólogos da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
Após entrevistarem 92 jovens casais heterossexuais, a equipe confirmou que a infidelidade envolve um custo considerável, mesmo quando a outra parte decide relevar o episódio e o relacionamento continua. O instinto de quem trai, quando isso acontece, é tentar compensar o erro com mais atenção e fazer o possível para agradar o parceiro traído, até comprar presentes.
Segundo os pesquisadores, subestimar o perdão é um mecanismo evolutivo, algo natural das pessoas diante da ameaça de perder o parceiro. Apesar disso, o estudo constatou que os traídos nem sempre resolvem se vingar. A tendência maior é reagir com um certo distanciamento, para não deixar barato.
Os resultados desafiam o senso comum de que mulheres teriam uma tendência maior a perdoar – o estudo não encontrou essa diferença. Tanto homens quanto mulheres acham que ter uma relação sexual com um terceiro é errado, mas ambos demonstraram a mesma probabilidade de superar uma infidelidade.
Uma diferença, no entanto, existe em relação à chamada infidelidade emocional. Flertar com alguém numa festa e se encontrar com a pessoa algumas vezes, mesmo sem sexo, é algo que chateia muito mais as mulheres do que os homens, segundo a pesquisa. Eles acham que, enquanto não houver uma relação sexual, não é trair. Nesse caso, eles não tentam compensar e isso sim pode comprometer o relacionamento.
Os autores do trabalho, publicado no Evolutionary Behavioral Sciences, avisam, no entanto, que os resultados não podem ser generalizados porque os participantes eram jovens. Pode ser que o tempo aumente o cinismo e os comportamentos diante da traição também mudem.