Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h51 - Atualizado às 23h53
Você já deve ter ouvido falar na oxitocina, substância envolvida no apego humano que ganhou a fama de “hormônio do amor”. Agora, pesquisadores encontraram um bom candidato ao título de “molécula do desejo”, e o nome dela é bem sugestivo: kisspeptina.
Essa molécula, também chamada de metastina, já foi associada à puberdade e tem papel importante para a fertilidade, além de estar presente em grandes quantidades na gravidez. Mas estudos recentes indicam que o hormônio também pode ser o responsável pela atração sexual.
O curioso é que o apelido da molécula – derivado da palavra “beijo”, em inglês, é pura coincidência. É que a equipe de cientistas que a descobriu, há mais de sessenta anos, era de Hershey, cidade norte-americana que produzia os chocolates “Kisses”.
Uma pesquisa realizada pelo Imperial College London e divulgada esta semana, no The Journal of Clinical Investigation, mostrou que o hormônio, administrado a 29 jovens heterossexuais, aumentou a atividade nas áreas límbicas do cérebro (associadas a emoções), mas somente quando eles eram submetidos a imagens de sexo ou romance.
Um outro trabalho lançado nesta sexta-feira (26), realizado em camundongos, reforçou o papel da kisspeptina no desejo e no próprio ato sexual. Estudiosos da Universidade Saarland, na Alemanha, descobriram que os feromônios secretados pelos machos ativam os neurônios que produzem essa substância nas fêmeas. Essas células nervosas, por sua vez, transmitem sinal tanto para os neurônios envolvidos na produção de hormônios sexuais, como para as células que produzem o óxido nítrico, que leva ao comportamento sexual (inclusive à posição de lordose que as fêmeas assumem durante a cópula). Em resumo, a kisspeptina seria o link entre atração, fertilidade e sexo, segundo o artigo publicado na Nature Communications.
Um terceiro estudo, feito no ano passado por uma equipe da King`s College, também de Londres, ainda constatou que o uso de drogas que estimulam a ação da kisspeptina fez camundongos machos ficarem mais relaxados, sociáveis e propensos ao sexo. O experimento foi descrito numa conferência da Sociedade para Endocrinologia.
Todos esses resultados trazem uma enorme esperança: a de que seja possível desenvolver um tratamento para homens e, principalmente, mulheres que sofrem com desejo sexual reduzido. Vai ser interessante se a solução para aumentar a vontade de transar partir de uma molécula que leva o nome “beijo”.