Mulheres vivem mais em tempos de crise, dizem pesquisadores

Além de viver mais que os homens em tempos normais, elas são mais propensas a sobreviver em situações críticas

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h51 - Atualizado às 23h53

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Crédito: Fotolia

Mulheres estão longe de ser o sexo frágil. Pesquisadores descobriram que, além de viver mais que os homens em tempos normais, elas são mais propensas a sobreviver em situações críticas, como períodos de fome e epidemias.

O estudo, coordenado por professores das universidades do Sul da Dinamarca e de Duke, nos Estados Unidos, analisou registros históricos de três séculos para chegar à conclusão.

Em quase todos os países, as mulheres têm uma expectativa de vida maior – elas vivem cerca de dez anos a mais que os homens. Mas os autores do trabalho analisaram épocas de crises intensas no mundo, e viram que a vantagem feminina permanece mesmo nessas situações. Segundo eles, a diferença é ainda mais notável na infância: as recém-nascidas são mais propensas a sobreviver.

As épocas de crise analisadas incluíram populações em que a expectativa de vida para ambos os sexos não passou de 20 anos de idade, como a de escravos no início dos anos de 1800, de vítimas da fome na Suécia, na Irlanda e Ucrânia nos séculos 18, 19 e 20, e também de vítimas do sarampo na Islândia em 1846 e 1882.

Outro exemplo é o da Libéria, que nos anos de 1800 apresentou um dos maiores índices de mortalidade já registrados na história. Ex-escravos voltaram para o país e mais de 40% da população morreu no primeiro ano de vida, provavelmente por causa de doenças tropicais para as quais não tinham resistência.

Em todas essas situações, ainda que a mortalidade tenha sido alta para ambos os sexos, as mulheres viveram mais que os homens – uma diferença que variou de seis meses a quase quatro anos, em média.

Especialistas no tema sempre acreditaram que a vantagem feminina, em termos de longevidade, teria a ver com fatores sociais, como o menor envolvimento das mulheres em violência e comportamentos de risco. Mas com os novos dados, eles acreditam que a explicação também envolve fatores biológicos, como questões genéticas ou hormonais – sabe-se que o estrógeno, mais abundante no sexo feminino, aumenta as defesas contra doenças infecciosas.

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