Equipe descobriu que a abstinência do cigarro provoca um quadro parecido com a demência, que pode ser insuportável
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h24 - Atualizado às 23h56
Usando exames de imagem, neurocientistas da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, descobriram que os fluxos de sangue e de oxigênio no cérebro caem 17% logo depois que a pessoa para de fumar. Isso provoca um quadro muito parecido com a demência, que pode durar semanas ou até meses.
Os pesquisadores explicam que o cigarro inicialmente aumenta a atividade cerebral. Mas os tecidos do cérebro logo se adaptam e o efeito desaparece, como explicam em um artigo publicado no the Journal of Cerebral Blood Flow & Metabolism. É o que leva o fumante a acender outro cigarro.
A equipe, liderada pelo neurocientista Albert Gjedde, diz que muitos ex-fumantes retomam o hábito apenas para manter o cérebro funcionando normalmente. Esse sintoma da abstinência se reduz aos poucos, mas os pesquisadores não sabem quanto tempo pode levar.
Eles comparam a situação ao que acontece com muita gente que toma certos antidepressivos. Depois de um tempo, o organismo se adapta e alguns indivíduos deixam de sentir os benefícios sobre o humor. No entanto, algumas pessoas não conseguem largar o remédio porque os sintomas de abstinência são muito desagradáveis, embora passageiros.
Para Gjedde, parar de fumar gradualmente pode ser uma forma de evitar esse estado que lembra a demência. Mas ele admite que ainda é preciso estudar mais o cérebro de fumantes e ex-fumantes para chegar a conclusões mais precisas.