Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h53 - Atualizado às 23h53
Falar sobre sexo com os adolescentes nem sempre é uma tarefa fácil para os pais. Muitos deles acham que a escola, o médico ou a própria internet já ensinam o necessário, ou que uma conversa básica sobre a importância da camisinha resolve. Outros não conseguem nem iniciar o assunto, por constrangimento ou porque o filho não dá abertura para uma conversa mais íntima.
Segundo pesquisa realizada com 600 jovens de 13 a 17 anos e suas famílias, nos Estados Unidos, 90% dos pais afirmam já ter conversado com os filhos sobre sexo. Mas, curiosamente, apenas 39% dos adolescentes disseram ter tido esse papo com os pais.
Além disso, 45% dos jovens dizem que seus médicos não costumam fazer perguntas sobre sexo, e apenas 13% relataram ter passado por exames para detectar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) a pedido dos profissionais. Entre adolescentes brancos, a tendência é ainda menor.
Os dados, que ainda são preliminares, foram apresentados no último fim de semana no encontro da Pediatric Academic Societies, no Canadá. Eles ainda revelam que 50% dos pais sabem que os filhos falam sobre sexo com seus médicos, mas 25% disseram que isso não deveria acontecer.
O estudo também mostrou que pais e médicos tendem a conversar mais sobre sexo com as garotas do que com os garotos. E é mais frequente que as mães puxem conversa sobre o assunto, em comparação com os pais, o que é uma pena. Ambos deveriam tomar a iniciativa.
Uma pesquisa anterior, publicada no periódico JAMA Pediatrics por uma equipe da Universidade de Duke, já havia mostrado que mesmo a abordagem dos médicos nem sempre é satisfatória, já que foi verificado que os profissionais dedicam apenas 36 segundos, em média, ao tema nas consultas.
Assim como nos EUA, os adolescentes, no Brasil, representam uma parcela considerável dos novos casos de infecções sexualmente transmitidas, como clamídia, HIV, HPV, herpes e outras. Por isso é importante que não só médicos, mas também a escola e, principalmente, os pais ou cuidadores falem com os jovens. E não basta falar só de sexo seguro. Emoções, respeito e autoestima também devem fazer parte do pacote.