Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h55 - Atualizado às 23h53
Verrugas genitais, causadas pelo papilomavírus humano (HPV), são um tipo comum de infecção sexualmente transmissível (IST) que, embora raramente evolua para câncer, costuma causar aborrecimentos. Mas um estudo recém-publicado alerta que o problema facilita a infecção pelo HIV, o vírus da Aids. Por isso, é importante evitar e tratar adequadamente a doença, também conhecida como condiloma ou “crista de galo”.
O problema é que é muito fácil se infectar pelo HPV. Mesmo quem só transa com camisinha pode adquirir o vírus durante o contato íntimo, ou ao masturbar o parceiro e depois tocar a própria genitália, por exemplo. Muitas vezes, o vírus fica em regiões que não são cobertas pelo preservativo. Ou, ainda, pode acontecer de a verruga ser invisível a olho nu – e a pessoa só descobre que tem a doença ao ir ao urologista ou ao ginecologista. Por isso é importante que homens e mulheres façam consultas de rotina, mesmo quando tudo parece estar bem.
Para piorar, o papilomavírus humano é muito frequente na população. Um estudo recente, divulgado pelos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), nos EUA, indicou que 42% dos adultos têm subtipos do vírus associados a verrugas genitais.
No estudo atual, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston coletaram amostras de biópsias de verrugas genitais e compararam o número de células-alvo do HIV presentes nelas aos das células normais das partes do corpo de onde foram retiradas. Além disso, as amostras foram cultivadas com HIV, para que fosse avaliado o quanto estavam sujeitas à infecção.
Em comparação com as células do tecido normal dos pacientes, as verrugas tinham concentração maior de células-alvo do HIV. Das oito amostras, duas apresentaram sinais definitivos de infecção pelo vírus da Aids. Em outras palavras, essas lesões tornam a região genital mais vulnerável à contaminação pelo HIV presente nos fluidos sexuais.
Os resultados reforçam a importância de se diagnosticar e tratar adequadamente as verrugas. Isso geralmente é feito com pomadas específicas, terapia com ácido ou cauterização em consultório, e alguns cuidados devem ser tomados durante o tratamento, para evitar a proliferação das lesões e também a transmissão do vírus. Tratamentos caseiros são contraindicados, pois, além de não resolverem o problema, podem até causar irritações.
A prevenção pode ser feita com a vacina contra o HPV, que oferece imunidade contra os principais subtipos causadores de verrugas, além de proteger contra os subtipos mais associados aos cânceres de colo de útero, boca e garganta.
Os autores do estudo acreditam que a vacinação em larga escala em áreas endêmicas para o HIV na África Subsaariana pode ter impacto no controle da epidemia de Aids nesses locais. As informações foram publicadas no Journal of Infectious Diseases.