Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h50 - Atualizado às 23h53
O clima de amor que acompanha celebrações religiosas pode interferir no comportamento reprodutivo, de acordo com um grupo de pesquisadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, de Portugal, e da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.
O trabalho, que contou com dados do Twitter e do Google Trends, mostra que fatores culturais, e não apenas biológios, regem os ciclos reprodutivos.
Segundo a equipe, nos países ocidentais do Hemisfério Norte, crianças tendem a nascer com mais frequência em setembro do que em outros meses do ano. Até hoje, pensava-se que isso acontecia por causa de uma adaptação biológica aos dias mais curtos e temperaturas mais baixas nessas regiões, mas faltavam dados para comprovar essa hipótese.
Com ajuda da internet e das mídias sociais, eles decidiram analisar o humor e o comportamento das pessoas ao longo do ano em diferentes países e com diferentes tradições culturais. Os pesquisadores perceberam que as buscas no Google que envolvem o termo “sexo” têm uma natureza cíclica, que coincide com um certo “clima de amor” de datas que envolvem o coletivo.
Países como Brasil e Austrália teriam padrões similares, segundo eles, assim como países ocidentais do Hemisfério Norte, como Portugal, Estados Unidos ou Alemanha. Já Turquia e Egito exibem padrões diferentes dessas duas regiões, mais parecidos com o da Indonésia muçulmana.
O estudo indicou que os picos de interesse sexual coincidem com celebrações religiosas específicas, culminando no aumento de nascimentos nove meses depois. Nos países cristãos, o pico seria próximo ao Natal, enquanto que, para os muçulmanos, próximo a festividades de Eid-al-Fitr e Eid-al-Adha.
Apesar de parecer estranho que celebrações religiosas incentivem as buscas por sexo, os pesquisadores acreditam que isso estaria relacionado ao clima de alegria e calma que essas épocas provocam nas pessoas.