Condição é geralmente assintomática no início e, se não tratada, pode levar à cegueira
José Roberto Miney Publicado em 26/05/2021, às 10h15
De acordo com a OMS, o glaucoma é a segunda causa de cegueira, somente atrás da catarata. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, há cerca de 1 milhão de casos no país e 50% ou mais desconhecem ter a doença.
Dada a gravidade da doença, geralmente silenciosa, foi instituído o Maio Verde, período dedicado ao alerta para a população sobre o glaucoma, com destaque para o dia 26, Dia Nacional do Combate ao Glaucoma.
O glaucoma é uma condição que afeta os olhos e está associado ao aumento da pressão intraocular, que pode levar à perda da visão por danos ao nervo óptico.
O olho produz continuamente um líquido transparente, cuja função é nutrir a córnea e o cristalino. A pressão intraocular é resultante do equilíbrio entre a produção constante do humor aquoso e sua drenagem. Uma má drenagem provoca o aumento da pressão.
Quanto maior a pressão intraocular, maior o risco de lesão no nervo óptico e de glaucoma. A elevação da pressão intraocular está relacionada à obstrução do ângulo de drenagem, que pode ser do tipo aberto ou fechado.
A obstrução ocorrendo em um desses dois tipos de ângulo, leva a diversos tipos de glaucoma.
• Glaucoma primário de ângulo aberto (crônico simples)
• Glaucoma primário de ângulo fechado
• Glaucoma de pressão intraocular normal
• Glaucoma congênito primário
• Glaucomas secundários
Os glaucomas denominados primários não têm causa conhecida, já os secundários têm e elas estão associadas a enfermidades.
Também chamado de crônico simples, é o mais comum. Tem evolução lenta e geralmente é assintomático. Pode levar à perda gradual da visão periférica, que vai estreitando, até chegar à visão em tubo.
Informações quanto à prevalência do glaucoma no país são escassas. A maior parte dos estudos é restrita, antiga e mostra prevalência de 2% a 3% na população acima de 40 anos, com aumento conforme a idade avança. Por outro lado, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia adota a prevalência de 1% na população total, segundo recente trabalho junto com o Ministério da Saúde. No entanto, não está claro se houve desagrupamento dos tipos de glaucoma no cálculo dessas porcentagens.
Sinais de alerta
Pelo fato de esse tipo de glaucoma ser assintomático, não se pode falar em sintomas característicos, mais sim em sinais de alerta.
Diagnóstico
O diagnóstico é comumente feito por meio de medida da pressão intraocular, além de exame do fundo do olho para avaliação do nervo óptico e de campo visual, para verificação da visão periférica (às vezes realizado em outro local).
Contudo, o diagnóstico do glaucoma, sobretudo nas fases iniciais, nem sempre é preciso, o que prejudica o tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, um estudo populacional observou taxas de falso positivo de 60%. Outros estudos apontam que essa ocorrência, entre outras causas, pode estar relacionada a oftalmologistas não especializados em glaucoma.
A tomografia de coerência óptica é um exame de imagem capaz de realizar uma avaliação estrutural de maneira objetiva e quantitativa, tendo apresentado inúmeros aperfeiçoamentos tecnológicos nas últimas décadas. Essa tecnologia permite um diagnóstico rápido e objetivo e sua incorporação ao SUS permitirá uma melhor classificação dos casos de suspeita de glaucoma.
Tratamento
O glaucoma de ângulo aberto é tratado com colírios específicos, por toda a vida. Eventualmente, o médico pode indicar cirurgia ou procedimento com raio laser.
Glaucoma primário de ângulo fechado: a pressão intraocular sobe rapidamente, causa fortes dores de cabeça e nos olhos, halos em volta de luzes, visão turva ou perda súbita dela. É uma emergência médica e precisa de intervenção imediata, pois pode levar à cegueira em poucas horas. O tratamento é feito pelos médicos do atendimento de urgência.
Glaucoma primário de ângulo fechado do tipo crônico: é semelhante ao de ângulo aberto, tem sinais de alerta a serem observados parecidos e tratamento equivalente.
Glaucoma congênito: muito raro, afeta recém-nascidos. Provoca aumento do globo ocular e alteração da transparência da córnea, que fica branco-azulada
Glaucoma de pressão normal: atinge o nervo óptico e afeta a visão periférica.
Glaucomas secundários: devido a enfermidades, como diabetes, cataratas, uveítes (inflamação da úvea, conjunto de estruturas do olho).
O tipo mais comum de glaucoma (de ângulo aberto, ou crônico simples) é assintomático e de evolução gradual. O diagnóstico precoce é a melhor forma de conter o avanço da doença. Sendo assim, não é necessário aguardar o aparecimento dos chamados “sinais de alerta” para consultar regularmente o oftalmologista.
Existem fatores de risco para o glaucoma. Embora não sejam determinantes, podem ser indicativos para uma avaliação da condição ocular: pessoas que têm parentes com glaucoma, indivíduos com mais de 40 anos, pacientes com alto grau de miopia, diabéticos, afrodescendentes (glaucoma de ângulo aberto) e asiáticos (glaucoma de ângulo fechado).
*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo.
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