Cerca de 17% dos adolescentes dizem já ter experimentado bullying relacionado ao peso na internet, especialmente usuários do Twitter (atual X) e do Twitch. A conclusão é de uma pesquisa com cerca de 12 mil adolescentes de 10 a 17 anos de idade da Austrália, Canadá, Chile, México, Estados Unidos e Reino Unido.
O trabalho, coordenado pelo pesquisador Kyle Ganson, da Universidade de Toronto, no Canadá, foi publicado esta semana no periódico de acesso aberto PLOS ONE.
Os autores analisaram dados dos jovens integrantes da Pesquisa Internacional de Política Alimentar Juvenil de 2020. Além de dados demográficos, os adolescentes forneceram o número de horas durante a semana que passaram "assistindo ao YouTube", "em mídias sociais (enviando mensagens, publicando ou curtindo postagens)", "assistindo a programas de TV, séries ou filmes", "jogando em smartphones, computadores ou consoles de jogos" e "navegando, lendo sites, pesquisando, etc".
Eles observaram, ainda, se os jovens usavam ou não algumas das seis diferentes plataformas de mídia social: Facebook, Instagram, TikTok, Twitter, Snapchat e Twitch. Eles também responderam à pergunta "Você é provocado ou zombado por causa do seu peso?"
Os adolescentes pesquisados passaram em média 7,5 horas totais em tempo de tela recreativo em dias da semana. Houve um aumento de 13% no bullying relatado para cada hora adicional de tempo de tela.
Quase 70% dos usuários do Twitter relataram terem sido intimidados, e o Twitch foi a segunda plataforma de mídia social mais associada ao bullying relacionado ao peso.
As associações entre tempo de tela, uso de mídia social e bullying relacionado ao peso foram mais fortes para adolescentes no Canadá, Austrália e Reino Unido. Meninos eram menos propensos a sofrer bullying relacionado ao peso do que meninas ao usar o Twitch ou jogar videogames.
Os autores observam que todos os dados foram autorrelatados, o que pode ter introduzido um viés de lembrança, e observam que pesquisas futuras são necessárias para abordar essa crescente questão social. Mas eles alertam para as consequências desse tipo de agressão online:
Essa experiência pode ter efeitos adversos, incluindo imagem corporal ruim, comportamentos alimentares desordenados e sintomas de ansiedade e depressão. Existe uma forte necessidade de tornar as mídias sociais e os espaços online mais aceitáveis e seguros para os jovens se engajarem."
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin