Redação Publicado em 03/03/2021, às 14h30
Em um momento como o de agora, em que vários governadores estudam fazer um lockdown devido à alta dos números de internados pela Covid, um estudo realizado pelo Espro (Ensino Social Profissionalizante) chega a assustar.
Analisando 13.619 entrevistados de 18 estados do país, mais o Distrito Federal, a pesquisa abordou diferentes aspectos da vida dos entrevistados em cinco momentos de 2020, abrangendo desde o início da pandemia (abril) até os primeiros anúncios concretos de vacinas contra a doença (novembro).
O recorte de São Paulo é o da última onda da pesquisa, em novembro, quando 1.315 entrevistados responderam ao questionário. Desses, 49,6% responderam que saem de casa para fazer as atividades essenciais, como supermercado e farmácia. Contudo, 23% deles admitiram que saem para o que bem entender, independente de ser necessário ou não.
O levantamento ainda mostrou que essa decisão é consciente. Quase todos os jovens paulistas (97%) declaram estar entre razoavelmente a muito bem informados sobre a pandemia. Do total, 92% dizem que a doença é contagiosa ou muito contagiosa e 74% deles afirmam que ela pode ser letal ou muito letal.
Além disso, cerca de 92% dos entrevistados no estado de São Paulo declararam que estão mais ansiosos do que o normal, enquanto 77% afirmaram que estão mais preocupados e 78% estão mais cansados do que o normal.
Segundo estudos feitos por diversas universidades da Europa, como a de Copenhagen, de Groningen, o College London, a Sorbonne e o instituto de pesquisa francês Inserm, o isolamento afeta mais a saúde mental de pessoas abaixo dos 30 anos.
O estudo baseou-se em dados de 200.000 cidadãos e os pesquisadores coletaram e analisaram dados de saúde mental de quatro países diferentes (Dinamarca, França, Holanda e Reino Unido) durante o primeiro confinamento na primavera e no início do verão de 2020.
“Estudamos diferentes fatores de saúde mental, como solidão, ansiedade e preocupações relacionadas à Covid-19. Os níveis mais elevados de solidão foram observados entre os jovens e pessoas com doenças mentais preexistentes", explicou o professor assistente Tibor V. Varga, do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da Universidade de Copenhagen. "O estresse psicológico é um fator de risco proeminente para futuras doenças mentais graves e de longo prazo. Portanto, é muito importante saber como o isolamento afeta as pessoas, para que tenhamos uma melhor chance de prevenir consequências a longo prazo".
O estudo ainda mostrou que, em todos os quatro países analisados, os níveis mais altos de solidão e ansiedade foram observados em março e no início de abril, logo no início do confinamento. Esses resultados diminuíram lentamente nos meses seguintes, à medida que os países se reabriram de forma gradual.
Por conta disso, é seguro dizer que a saúde mental deve ser uma preocupação paralela à contenção do vírus.