Quatro em cada 10 postagens que mencionam doenças hepáticas no TikTok contêm informações incorretas, de acordo com um estudo apresentado na conferência médica Digestive Disease Week, realizado esta semana em Chicago, nos EUA.
A maioria do conteúdo publicado, segundo o trabalho, faz afirmações imprecisas sobre dietas da moda, bebidas “desintoxicantes” e remédios à base de ervas. Os resultados sugerem que pessoas com doenças hepáticas que buscam informações sobre saúde ou nutrição nas redes sociais podem precisar de ajuda para diferenciar informações corretas e incorretas.
“As pessoas devem sempre consultar seu médico primeiro para obter orientação sobre sua condição médica específica, mas também sabemos que obter informações e dicas de saúde nas mídias sociais é extremamente comum hoje em dia”, comenta Macklin Loveland, principal autor do estudo e médico residente na faculdade de medicina da Universidade do Arizona.
Loveland identificou 2.223 postagens que incluíam os termos “cirrose” e “doença hepática” no TikTok entre 1º de outubro e 25 de novembro de 2022. Ao comparar as informações divulgadas com o que as sociedades médicas ensinam, ele descobriu que 883 postagens, quase 40% do total, continham informações incorretas.
Confira:
As postagens imprecisas mais comuns continham alegações sobre produtos fitoterápicos que seriam capazes de reverter doenças hepáticas. Outras afirmavam que consumir vários cogumelos, comer fígado bovino ou fazer uma limpeza para eliminar parasitas podem curar o fígado.
Só nos EUA, há 4,5 milhões de adultos diagnosticados com doença hepática, e estima-se que mais de 85 milhões de pessoas tenham a condição sem saber disso.
O tratamento para doenças hepáticas varia de acordo com o diagnóstico. Alguns problemas podem ser resolvidos com modificações no estilo de vida, como interromper o uso de álcool ou perder peso, além do monitoramento cuidadoso da função hepática. Outros casos podem ser tratados com medicamentos ou cirurgia.
Felizmente, as postagens imprecisas tiveram muito menos engajamento do que as postagens precisas: uma média de 1.671 “curtidas” e 140 “compartilhamentos”, em comparação com uma média de 14.463 “curtidas” e 364 “compartilhamentos” de postagens com dados corretos.
O curioso é que postagens estritamente informativas continham muito mais desinformação do que aquelas com pacientes que compartilhavam experiências pessoais.
“Embora as postagens imprecisas tenham sido menos populares, elas ainda representam um grande volume de desinformação na plataforma, deixando as pessoas com doenças hepáticas suscetíveis a falsas alegações”, observa Loveland.
Dada a alta mortalidade associada à doença hepática, ele acredita que o impacto de espalhar alegações imprecisas em uma plataforma de mídia social tão popular pode ter sérias implicações. Ele ainda defende um maior monitoramento e regulamentação da plataforma, além do envolvimento de profissionais de saúde.
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Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin
