A infecção é considerada um problema de saúde pública no Brasil devido ao grande número de casos
Redação Publicado em 08/03/2022, às 16h30
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) com variados sintomas clínicos, entre eles, manifestações dermatológicas.
Devido ao seu espectro clínico muito variável, a sífilis foi conhecida durante muitos anos como “a grande imitadora”. A capacidade de mimetizar outras doenças, causar lesões de pele de diferentes características e quadros neurológicos distintos fez e ainda faz com que seu diagnóstico clínico seja desafiador.
A sífilis no Brasil continua sendo um grande problema de saúde pública. Dados do Ministério da Saúde mostram que, de janeiro de 2018 a junho de 2020, foram notificados mais de 360 mil casos no país.
Para entender um pouco mais sobre essa condição, conheça quatro fatos importantes:
A sífilis pode ser classificada como primária, secundária, latente ou terciária. No estágio primário, ela geralmente se apresenta como uma pequena ferida no local de entrada da bactéria (pênis, vagina, colo uterino, ânus ou boca), que aparece alguns dias após o contágio. A ferida normalmente é indolor e desaparece sozinha depois de poucas semanas.
Quando a infecção não é tratada, a bactéria permanece no organismo e a doença evolui para os estágios de sífilis secundária (quando podem ocorrer manchas, pápulas e outras lesões no corpo, incluindo nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, além de febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas) ou então sífilis latente (fase assintomática, quando não aparece mais nenhum sinal ou sintoma).
Após o período de latência, que pode durar de dois a 40 anos, a doença evolui para a sífilis terciária, condição grave, que leva à disfunção de vários órgãos e pode causar a morte, apresentando lesões ulceradas na pele, além de complicações ósseas, cardiovasculares e neurológicas .
De acordo com os números analisados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), entre janeiro de 2010 e junho de 2020, 468.759 homens foram diagnosticados com sífilis no Brasil. Segundo as informações do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, até 2020, a quantidade de homens contaminados era quase duas vezes maior do que a de mulheres.
No mesmo ano, do total de casos de sífilis, 62,6% ocorreram entre a população masculina e 37,4% na feminina. Para a SBD, a doença seria mais comum nos homens provavelmente porque são indivíduos que adotam um comportamento de risco do ponto de vista sexual.
Confira:
Sim, a sífilis é uma IST curável. Com o advento da penicilina, o cenário da condição mudou drasticamente. Até o surgimento desse antibiótico, a sífilis não tinha nenhum tratamento eficaz. Até hoje, a penicilina é o principal tratamento contra a doença, com altas taxas de cura. O uso desse antibiótico, associado à melhora do diagnóstico por testes laboratoriais, indica a cura da sífilis.
No entanto, o tratamento pode não desfazer qualquer dano que a infecção possa causar, como as complicações ósseas, cardiovasculares e neurológicas.
Ao contrário de algumas outras doenças, o indivíduo que curou-se de sífilis ainda pode reinfectar-se quantas vezes for possível durante a vida.
Vale lembrar que pode não ser tão óbvio que uma pessoa conviva com a sífilis. As feridas características da condição na vagina, no ânus, na boca ou sob o prepúcio do pênis podem ser difíceis de ver.
Assim, um indivíduo pode ser reinfectado caso seu parceiro ou parceira sexual não faça os testes e receba o tratamento adequado.
O uso de preservativos é essencial. Porém, as lesões primárias e secundárias têm nelas muitas bactérias causadoras de sífilis e, caso haja contato dessas lesões com um machucado, a infecção pode ocorrer. Então, preliminares e sexo oral também podem transmitir a doença.
Toda pessoa que mantém atividades sexuais de risco ou se expõe a relações desprotegidas deve procurar o mais rápido possível uma unidade de saúde para realizar o teste rápido de detecção da sífilis. O exame é de graça na rede pública.
Prevenir e tratar sífilis, assim como outras ISTs, é crucial para diminuir as taxas de HIV, que têm maior facilidade de infecção em concomitância com a sífilis. Entender os sinais, trabalhar com educação em saúde e facilitar acesso ao sistema de saúde contribuirão para a melhora nos índices de sífilis no país.
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