6 suplementos comuns que podem prejudicar seu fígado

Estudo nos EUA mostra que 5% da população utiliza esses produtos sem prescrição

Tatiana Pronin Publicado em 19/08/2024, às 18h00

Suplementos de ervas não são regulamentados como os medicamentos - iStock

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Michigan relata que cerca de 15,6 milhões de adultos nos EUA — ou 5% da população — consumiram ao menos um suplemento com ervas nos últimos 30 dias que pode ser prejudicial ao fígado, ou hepatotóxico. 

O trabalho, publicado recentemente no jornal JAMA Network Open, chama atenção para muitos extratos botânicos que são anunciados como remédios naturais e poderosos em plataformas como o TikTok. 

Seis suplementos principais

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 9.500 adultos naquele país, com idade média de 47,5 anos, que faziam parte de um grande estudo, o National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), de 2017 a 2020. Os dados médicos desses participantes incluíam o uso de medicamentos prescritos e suplementos naturais.

Os cientistas focaram no uso de seis suplementos de ervas considerados potencialmente tóxicos para o fígado segundo pesquisas anteriores:

- ashwagandha

- black cohosh (também conhecido como cimicífuga)

- Garcinia cambogia

- extrato de chá verde

- red yeast rice (ou arroz vermelho)

- cúrcuma (ou curcumina)

“Produtos botânicos potencialmente hepatotóxicos são produtos que contêm ingredientes de origem vegetal que foram implicados como possíveis causas de danos ao fígado”, explicou a autora principal do estudo, a professora e hepatologista Alisa Likhitsup.

Suplementos podem causar lesão no fígado

Em entrevista ao MedicalNewsToday, a médica diz já ter visto pacientes com lesão hepática causada por suplementos alimentares, sendo que alguns casos foram fatais, exigindo transplante de fígado de emergência.

Dados da Drug Induced Liver Injury Network relataram que as taxas de lesão hepática devido a produtos botânicos aumentaram de 7% em 2004-2005 para 20% em 2013-2014.

Ao final do estudo, Likhitsup e sua equipe descobriram que cerca de 58% de todos os participantes relataram usar um suplemento herbal ou dietético pelo menos uma vez no período de 30 dias.

Cerca de 5% dos participantes disseram que tomaram pelo menos um dos seis produtos potencialmente hepatotóxicos nos últimos 30 dias. Quando aplicada a toda a população dos EUA, essa porcentagem se traduz em cerca de 15,6 milhões de adultos.

Os pesquisadores dizem que o uso desses botânicos potencialmente hepatotóxicos é semelhante ao número estimado de pessoas que receberam prescrição de medicamentos potencialmente hepatotóxicos, como anti-inflamatórios não esteroides e um medicamento usado para reduzir os níveis de colesterol ruim chamado sinvastatina.

“Esperamos que nossos resultados aumentem a conscientização entre pacientes e profissionais de saúde sobre esses ingredientes potencialmente tóxicos para o fígado, que estão sendo consumidos regularmente pelos americanos, e sobre o fato de que os produtos de suplementos dietéticos disponíveis no mercado não são estritamente regulamentados”, disse Likhitsup.

"Natural" não significa seguro

Vale lembrar que muitos suplementos dietéticos disponíveis no mercado contêm rotulagem incorreta. Como esses produtos não são estritamente regulamentados, é muito difícil para os consumidores saberem exatamente o que estão consumindo, assim como é complicado pesquisar esses suplementos.

Outro ponto importante é que, como os ‘suplementos’ supostamente são feitos de ingredientes naturais, as pessoas têm uma falsa sensação de segurança. No entanto, natural nem sempre é sinônimo de seguro. Alguns ingredientes naturais podem ser tóxicos em altas doses ou interagir com medicamentos.

Para quem considera tomar um suplemento, a recomendação é conversar com um profissional de saúde credenciado para receitar esse tipo de produto. Outra possibilidade é utilizar alguns desses ingredientes na culinária, em vez de arriscar a saúde (e o bolso) com extratos concentrados sem segurança comprovada.

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