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9 dicas para lidar com os odores da menopausa no verão

Mudanças hormonais combinadas a outros sintomas, como suor noturno, podem intensificar o odor corporal - iStock
Mudanças hormonais combinadas a outros sintomas, como suor noturno, podem intensificar o odor corporal - iStock

Assim como na adolescência, as alterações hormonais da menopausa podem modificar ou agravar o odor das axilas, dos pés e da vagina, principalmente na fase da perimenopausa, quando as ondas de calor (os famosos fogachos) e os suores noturnos são mais intensos. E agora, quando as temperaturas no país estão bem acima do normal, e sequer entramos no verão, esses odores podem se tornar ainda mais fortes. 

De acordo com um estudo publicado no International Journal of Behavioral Medicine, esses  sintomas são comuns em 75% a 80% das mulheres, sendo que quatro em cada cinco delas sofrem com os fortes odores, em especial, as que permanecem na perimenopausa por dois anos ou mais.

O suor e o odor corporal podem ser um problema para algumas mulheres durante a transição da menopausa, especialmente se sentirem fogachos. Em casos mais graves, algumas têm que trocar de roupa, especialmente a de dormir, e algumas até recorrem ao corte do cabelo para evitar a sensação de que ele está grudado no pescoço.

As causas do mau cheiro na menopausa

A perimenopausa é marcada por uma queda gradual do estrogênio, principal hormônio feminino. Seu declínio passa a desregular uma série de funções orgânicas na mulher, incluindo as glândulas sudoríparas (que produzem o suor) e o hipotálamo, região do cérebro que controla a temperatura corporal. Com o corpo mais quente, principalmente no verão, a sudorese aumenta em uma tentativa natural do organismo de equilibrar e manter a temperatura corporal. Só que junto com o suor excessivo (bromidrose) vem o odor corporal mais intenso. As substâncias liberadas normalmente não têm cheiro, mas, em contato com as colônias de bactérias da pele, podem provocar um aroma desagradável.

Outro ponto é o pH da vagina. Normalmente ácido, mantendo-se entre 3.8 e 4.5, pode ser alterado com a queda dos níveis de estrogênio e de progesterona. Isso desequilibra a microbiota vaginal e suas bactérias benéficas (lactobacilos),  favorecendo o crescimento de bactérias nocivas e, consequentemente, o mau odor da vagina. O desequilíbrio hormonal que vem com a menopausa também pode afetar as glândulas sudoríparas. Quando o estrogênio cai, o corpo pode começar a produzir mais sebo, que é a substância oleosa da pele.

Como se livrar dos odores

Embora o cenário possa assustar, há soluções para lidar com o problema, envolvendo desde a Terapia de Reposição Hormonal (TRH), até modificações no estilo de vida. Confira algumas dicas a seguir:

1- Informe-se sobre a terapia de reposição hormonal (TRH): como abordagem de linha de frente, a reposição do estrogênio pode ajudar  a regular a produção de suor e sebo do corpo. Vale lembrar que nem todas as mulheres têm indicação de reposição hormonal. Daí a importância de consultar um médico para avaliar esta possibilidade.

2-Cuide da higiene geral: é fundamental promover a higiene cuidadosa da pele, principalmente das mãos, dos pés e das axilas, uma vez que essas regiões têm mais glândulas sudoríparas e, naturalmente, a sudorese é mais intensa. A ideia é restringir a proliferação dos micro-organismos. Por isso, lave essas partes do corpo diversas vezes ao dia, de preferência com sabonete antisséptico e antibacteriano.

3-Atenção à higiene íntima: evite a ducha vaginal sem a recomendação do seu médido. A sua vagina é um órgão autolimpante, produzindo uma secreção que ajuda a eliminar germes e bactérias. Portanto, o uso de duchas pode interferir no pH natural e eliminar as bactérias benéficas, o que pode aumentar o risco de infecções, como as causadas por fungos. Além disso, a lavagem não cura infecções, apenas disfarça o odor. Caso deseje higienizar adequadamente a região, basta utilizar água morna e sabonete suave. Não é necessário realizar limpeza interna da vagina. Uma boa opção é o uso de hidratantes vaginais e sabonetes sem perfumes que, muitas vezes, contêm ingredientes como as vitaminas C e E, e proteína de colágeno. É importante consultar seu médico antes de utilizar esses produtos para que ele possa recomendar o mais adequado para você. 

4-Antitranspirante/antibactericida: use desodorantes antitranspirantes e, se for necessário, o médico pode prescrever produtos com ação bactericida, fungicida e antimicótica. Eles contêm concentrações mais altas de ativos se comparados às opções de venda livre, e podem ser aplicados em várias partes do corpo para controlar o suor excessivo e o odor associado. Quando usados na pele limpa e seca à noite, antes de dormir, têm a ação potencializada. Isso porque as glândulas sudoríparas ficam menos ativas, o que possibilita que os princípios ativos do produto se fixem melhor e inibam a transpiração com mais eficácia.

5-Aposte em roupas adequadas: use peças leves e confortáveis que não apertem e prejudiquem a circulação sanguínea. Opte por roupas de algodão, ao invés das sintéticas, pois esquentam menos, especialmente em relação às roupas íntimas. Na hora de dormir, não use calcinha para que a vagina possa respirar melhor. E lembre-se: lave sempre a lingerie separadamente das demais peças usando produtos mais suaves. Também utilize calçados abertos ou que absorvam o suor, permitindo que a pele respire durante os dias mais quentes.

6-Botox para casos específicos: o botox (toxina botulínica) é uma alternativa para casos extremos. Aplicada por meio de injeções, a substância diminui a ação dos nervos que estimulam as glândulas sudoríparas. A duração de seus efeitos varia de oito a dez meses e, em alguns casos, pode até ultrapassar um ano. Ela passa a agir aproximadamente 15 dias após a aplicação.

7-Mudanças na dieta: adote uma alimentação rica em frutas, legumes e grãos integrais, além de fibras, que ajudam a eliminar toxinas acumuladas. Evite o consumo de alimentos condimentados, álcool e cafeína, pois estas substâncias fazem o corpo transpirar mais. Além disso, para manter uma boa higiene íntima, aposte em alimentos que são fontes de antioxidantes, como as vitaminas E e C, bem como ômegas 3 e 6. 

8-Pratique exercícios: embora possa parecer contraintuitivo, a prática de exercícios pode ajudar a regular a temperatura do corpo e reduzir a transpiração excessiva e o odor corporal ao longo do tempo. Além disso, é um ótimo alívio para o estresse.

9-Não se envergonhe: se o mau cheiro já causa constrangimento na vida social e profissional, imagine na hora do sexo? Portanto, não hesite em buscar ajuda com profissionais que encontrarão a melhor abordagem para suas necessidades e circunstâncias individuais. 

Fontes:
Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, médico do Hospital Albert Einstein, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Claudia Chang,
endocrinologista, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Luís Maatz,
cirurgião plástico pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC/FMUSP); membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Cármen Guaresemin

Cármen Guaresemin

Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão.  @Carmen_Gua