Pesquisa revela os desafios da exclusão digital para educadores e alunos em tempos pandêmicos
Redação Publicado em 25/11/2021, às 16h00
Um webinar realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) lançou um estudo que reúne experiências de diversos países – incluindo o Brasil – em relação à continuidade das aulas através do ensino remoto durante a pandemia de Covid-19.
Entre os principais pontos discutidos na pesquisa, nomeada "Educação e tecnologias digitais: desafios e estratégias para a continuidade da aprendizagem em tempos de COVID-19", estão o papel das tecnologias diante desse cenário pandêmico, o uso de plataformas digitais para atividades de ensino e aprendizagem em tempos de pandemia, os desafios da exclusão social no ensino remoto e possíveis estratégias que poderiam ajudar a mudar esse contexto.
O estudo foi dividido em cinco capítulos, sendo dois deles dedicados inteiramente ao Brasil. Para os pesquisadores, de forma geral, todos os capítulos ressaltam a importância do acompanhamento dos dados sobre o ensino na pandemia, bem como as soluções, resultados e aprendizados proporcionados pelo período. Toda essa análise é essencial para ajudar na implementação de políticas públicas de inclusão digital no país de forma mais eficiente e assertiva.
No Brasil, são cerca de 152 milhões de usuários, sendo a região Sudeste a mais conectada, com 86% das casas com acesso à internet, seguida pelo Sul (84%), Norte e Centro-Oeste (81%) e Nordeste (79%).
A falta de dispositivos, como computadores e celulares, e de acesso à internet nos domicílios dos estudantes foi um desafio para 93% das escolas públicas brasileiras, o que corresponde a cerca de 94 mil instituições.
Confira:
A presença do computador, por exemplo, é de 100% nas casas de famílias pertencentes à classe A, 85% nas da classe B, 50% da classe C e apenas 13% da classe D/E. Segundo os dados, o preço da conexão foi a principal barreira de acesso.
Em relação à população da área rural, a falta de disponibilidade também foi um fator relevante para o acesso à internet. Apenas 29% dos domicílios têm conexão por cabo ou por fibra óptica.
A pesquisa também se dedicou a analisar a realidade das escolas brasileiras. Um dos grandes desafios para o uso de recursos de tecnologia em atividades pedagógicas foi a falta de habilidades dos professores, citada por 63% das escolas públicas.
De acordo com os achados, 87% das instituições adotaram ao menos uma atividade com o uso de tecnologias durante a pandemia. A medida mais citada para a continuidade do ensino foi o agendamento de dia e horário para que os pais e responsáveis pudessem buscar na escola atividades e materiais pedagógicos impressos (93%).
Outras estratégias adotadas foram: criação de grupos em aplicativos ou redes sociais, como WhatsApp ou Facebook, para se comunicar com os alunos ou pais e responsáveis (96%), gravação de aulas em vídeo e disponibilização para os alunos (85%) e realização de aulas a distância com os alunos por meio de plataformas de videoconferência, como o Zoom, Google Meet ou Microsoft Teams (86%).
A questão do acesso à internet na escola também foi um ponto abordado pelo levantamento. Segundo os dados, 82% das instituições de ensino no Brasil possuem acesso à internet. Em relação aos estados, a região com escolas mais conectadas é a Centro-Oeste (98%), seguida de: Sul (97%), Sudeste (94%), Nordeste (77%) e a Norte, com apenas 51% das escolas com acesso à internet.
Veja também:
Quem tem dislexia sofre com ensino remoto; entenda o distúrbio
Pandemia faz 40% dos alunos do ensino básico pensarem em desistir
Faculdade de medicina na pandemia: é possível aprender a distância?
Ensinar cidadania digital às crianças nunca foi tão importante