Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h17 - Atualizado às 23h57
Pesquisadores da Universidade de Washington, nos EUA, descobriram um método que pode ajudar as mulheres a prevenir o HIV de forma simples. Eles criaram uma espécie de absorvente interno com medicamento que se dissolve assim que entra em contato com a umidade da vagina. Para evitar o risco de contrair o vírus do Aids, bastaria a mulher usá-lo alguns minutos antes da relação sexual.
O material pesquisado pela equipe é capaz de liberar doses bem mais altas de medicamento que outros produtos de uso tópico, como géis e cremes. Assim, o absorvente interno seria uma opção mais eficaz e discreta para proteger as mulheres do que outras iniciativas do tipo que estão em estudo.
Segundo o principal autor do trabalho, o bioengenheiro Cameron Ball, produtos em forma de creme ou gel desenvolvidos com o mesmo objetivo não vêm apresentando bom desempenho nos testes porque, em geral, é preciso usar uma quantidade muito grande para fazerem efeito, o que aumenta o risco de vazamentos e consequente perda de eficácia.
Já a nova tecnologia desenvolvida pela equipe envolve fibras leves, capazes de reter grande quantidade de remédio e também de se dissolver rapidamente, em apenas seis minutos, como explica o comunicado da universidade sobre o estudo, publicado no periódico Antimicrobial Agents and Chemotherapy deste mês.
Os pesquisadores, que contam com financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde, dos EUA, pretendem desenvolver os primeiros protótipos do absorvente em breve, para então começar a testá-los em modelos animais.
Ainda há um caminho longo de pesquisas pela frente, mas é bom saber que há tecnologias desse tipo em desenvolvimento. O uso regular de medicamentos por via oral para prevenir o HIV nas populações de risco já foi até recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), mas ainda é incipiente e envolve dificuldades, como a adesão dos pacientes. No Brasil, a chamada profilaxia pré-exposição está em fase experimental.
Produtos de uso tópico seriam, em tese, mais vantajosos porque causariam menos efeitos colaterais e poderiam ser administrados somente na hora do sexo. Por isso, a ideia dos pesquisadores da Universidade de Washington é promissora. Vamos torcer para que as próximas fases do estudo apresentem bons resultados.